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Janela Indiscreta
 
segunda-feira, junho 30, 2003  


"BAR A BARRACA
TEATRO CINEARTE
LARGO DE SANTOS, 2, LISBOA


Clientes e clientes, em breve, ao balcão deste afamado bar, estará disponível um abaixo-assinado que, de forma clara e inequívoca, procurará resolver todos os problemas de Portugal e dos Algarves. De forma simples e concisa, exigiremos ao Presidente da Republica a deportação e/ou extradição, nalguns casos as duas mesmo não bastarão, de todos os portugueses e portuguesas que emperram o bom funcionamento deste nobre e pacato país. Para tal, rogamos as vossas sugestões de nomes que sejam passíveis de figurar nesta lista. Todas as personalidades são aceites, mas atenção, numa primeira edição (contamos repetir este tipo de acções semestralmente), o número de deportados não poderá ultrapassar os mil. Enviem as vossas sugestões, porque assim se faz a democracia. Acreditamos que, com este gesto, em breve teremos um Portugal à maneira.
Abaixo segue a programação desta semana [30 DE JUNHO A 6 DE JULHO]:

Terça-feira – 23.30h – POESIA com Vasco Gato

O mago da atonalidade e da polca volta ao nosso convívio. Vasco preparou um sarau gímnico-poético de homéricas proporções. Segundo uma sondagem recentemente realizada pela Unesco em colaboração com a Revista Boa Estrela, as previsões de Gato, não só estão absolutamente em sintonia com o Oráculo de Delfos e de Bellini, como são as únicas que contribuem decisivamente para um melhor ambiente de trabalho em dois terços do globo terrestre. E nós perguntamos: não querem vocês, estimados clientes, engrossar o clube de fãs e seguidores deste sábio? Compareçam em massa. Vasco a todos atende com carinho, sigilo e satisfação garantida. Noite Salimu.

Quinta-feira – 00.30h – Noite de Histórias com Ângelo Torres
Na sua preenchidíssima agenda, Ângelo encontrou um momento para nós. Pois é, entre preparar os dislates dominicais de Marcelo Rebelo de Sousa, sussurrar as frases certas aos auriculares de Santana Lopes e José Sócrates, instigar Taxistas e ministras das finanças, gerir o património de Paulo Pedroso e Carlos Cruz, ele, Ângelo, meio homem, meio deus, meio fauno, regressa ao nosso palco para uma noite de histórias de grande gabarito. Por entre narrações fantásticas e inacreditáveis, Ângelo terá ainda tempo para discursar de forma feroz e pusilânime contra o trabalho infantil, o trabalho adulto e o trabalho na terceira idade. Um hino à preguiça e à maledicência olímpica. Noite Karamba.

Domingo – 20.00h – La Milonga de Solange & Alejandro (com aula iniciática)
Que mais poderemos dizer sobre Solange e Alejandro? As revistas do coração e o canal Canção Nova têm devassado a vida destes dois bailarinos, as inspecções das finanças não os largam, os biógrafos de Deco e Jardel teimam em segui-los, Tomás Taveira continua tentado a realizar um film noir no Olivais Shopping com as suas presenças, a produtora dos bonecos Nenuco tem feito propostas chorudas para que a imagem de Ale substitua o estafado boneco careca, e vocês, público pouco atento, perguntam porquê. Nós dizemos: vinde e maravilhai as vistas, pois o juízo final está próximo e entrar no paraíso a dançar é logo outra coisa. Noite Mustafa Soares.

Sítios do arco-da-velha:
www.miniclube.hpg.ig.com.br/lojadebombons6.htm
www.paraibuna.com.br/
www.hoops.pt/curioso/curiosa3.htm
www.banet.com.br/construcoes/bovinocultura/currais/currais.htm
www.fmvz.usp.br/programa/vcm5731.html

A entrevista que os portugueses queriam:
Timidamente, entrámos numa clínica de beleza e encontrámos justamente a figura que procurávamos.
Bar A Barraca:
Amiga Bibá, com que então por aqui…
Bibá Pita: Pois é, cá estou. Como sabe, a beleza não é tudo, mas é uma grande parte.
Bar A Barraca: Ó Bibá, perdoe, mas continua a achar que há volta a dar a essa tromba?
Bibá Pita: Não estou certa se terei percebido completamente a sua pergunta.
Bar A Barraca: Adiante, Bibá, adiante. Como tem sido a sua experiência no Canal Viver/Vivir?
Bibá Pita: Bom, você não imagina. Tem sido do melhor e a Bárbara, que é muito mais rodada que eu, ainda por cima esteve casada com o Mico, que tem nome de macaco, mas é óptimo, tem-me dado uma ajuda enorme. Há coisas que eu não imaginava que se podiam fazer em televisão e afinal são super simples. Todos deviam tentar…
Bar A Barraca: Bibá, uma última questão: Porquê esse nome? Há nele uma mistura de gelado da Olá e boneca espanhola que se baba e dá traques para que as crianças se riam. Não concorda?
Bibá Pita: Ai, de todo. Acho o nome engraçadíssimo. Mas, já agora que o diz, de facto as crianças riem-se imenso de mim.
E mais não disse a bronzeada demiurga, seguindo um programa intenso de esfoliação cerebral…

Manda já um beijinho de parabéns ao teu famoso preferido:
30 de Junho – Mike Tyson
1 de Julho – Pamela Anderson
2 de Julho – Isabel Allende
3 de Julho – Tom Cruise
4 de Julho – Carlos Alberto Riccelli
5 de Julho – Huey Lewis
6 de Julho – George W. Bush, Dalai Lama, Sylvester Stallone, Nancy Reagan

Escreve agora ao teu deputado favorito (e se puderes enche-lhe o correio de lixo):
pmalojo@psd.parlamento.pt
ccarvalhas@pcp.parlamento.pt
pinheirotorres@psd.parlamento.pt
fernandomoniz@ps.parlamento.pt

Frase da semana:
Os soníferos e os excitantes não são bem a mesma coisa. (Lena d´Água)

BAR A BARRACA – Um Bar Incontornável

Vasco e Changuito
(Especialistas em todos os problemas)

Esta mensagem segue para quem a solicitou e está coberta de razão. No entanto, as mentes perversas ou com ruindade cerebral poderão receber esta missiva como um filho não desejado. Para essas, e como prova de que não somos partidários do Spam, achamo-lo uma espécie de peste negra dos dias da cibernética, aconselhamos respostas cortantes e esclarecedoras exigindo não mais receber comunicação deste grandioso bar para o seguinte endereço: bar.a.barraca@netcabo.pt
Informações sobre A BARRACA em: www.abarraca.com
"

posted by camponesa pragmática on 17:29


 

© Artur de Carvalho

Os «Reformadores» da Humanidade

A Sandra, em plena conversão nietzscheana, enviou este sublinhado do Crepúsculo dos Ídolos. Não é um excerto qualquer. É Nietzsche no seu melhor:

Em todos os tempos se quis «reformar» os homens: a isto, acima de tudo, se chamou moral. Mas, sob a mesma palavra, está oculta a tendência mais oposta. Tanto a domação da besta-homem como a educação de um determinado género-homem recebeu o nome de «melhora»; mas estes termini zoológicos exprimem realidades - realidades, é certo, acerca das quais o «melhorador» típico, o sacerdote, nada sabe - nada quer saber... Chamar «melhoramento» à domesticação de um animal é, para os nossos ouvidos, quase uma piada. Quem conhece o que acontece nas ménageries duvida que o animal «melhore». Debilita-se, isso sim; torna-se menos pernicioso, torna-se um animal doente em virtude da emoção depressiva do medo, pela dor, pelas feridas, pela fome. - As coisas não se passam de modo diverso com o homem domado, que o sacerdote «aperfeiçoou». Na alta Idade Média, em que a Igreja era efectivamente, acima de tudo, uma ménagerie, dava-se caça de preferência aos mais belos exemplares da «besta loira» - «melhoravam-se», por exemplo, os germanos nobres. Mas, qual era, depois, o aspecto de um tal germano «melhorado», encerrado num claustro? O de uma caricatura de homem, de um aborto: tornara-se «pecador», fechava-se numa jaula, estava aferrolhado entre ideias terríveis... Ali jazia ele, doente, triste, malévolo para consigo mesmo; cheio de ódio contra os instintos da vida, cheio de suspeita contra tudo o que ainda era forte e feliz. Em suma, um «cristão»... Em termos fisiológicos: na luta contra a besta, pô-la doente pode ser o único meio de a enfraquecer. Bem o compreendeu a Igreja; estropeou o homem, debilitou-o - mas pretendeu tê-lo «melhorado»...

posted by camponesa pragmática on 15:05


 
Visita de turista
(a propósito do texto de Bérnard da Costa que a Cristina deixou ontem)


Já tinha observado o fenómeno noutras ocasiões mas ficou-me gravada a fogo a imagem das visitas dos turistas à Sagrada Família. Saíam de táxis e ou de autocarros, normalmente em grupo, posavam para uma fotografia em frente a uma das fachadas (sobretudo, em frente à mais antiga) e iam-se embora. Ver a Sagrada Família era isto: fotografar-se a si mesmo em frente à atracção turística e ir embora, depressa que se faz tarde e é preciso tirar mais fotografias em frente a outros sítios. Uma tentativa de concretização do génio e da loucura de um homem, em construção há anos incontáveis; um gigantesco projecto em homenagem, entre todas as coisas, justamente, à fé: ver a Sagrada Família não é ver um sonho humano - é ver o sonho humano. Haverá poucos sítios que reúnam tanto da sublime e patética condição humana. E a visita dos turistas estava feita em cinco, dez, quinze minutos, no máximo, sem sequer se aproximarem das paredes, sem lhes ocorrer entrar.


posted by camponesa pragmática on 13:10


 
Está a chover, é o meu último dia de férias, vou passar a tarde com o João Vuvu de César Monteiro.



posted by Anónimo on 12:30


 
Charles Simic

«Todos sabem o que nos sucedeu, a mim e ao Dr. Freud», diz o meu avô.
«Gostávamos do mesmo par de sapatos negros, no escaparate da mesma sapataria. Desgraçadamente, a loja estava sempre fechada. Havia um aviso: MORTE DE FAMILIAR ou VOLTAMOS DEPOIS DO ALMOÇO mas não importa quanto se esperava, ninguém vinha abrir».
«Uma vez surpreendi o Dr. Freud num piropo deesrespeitoso diante dos sapatos. Entreolhámo-nos enfadados antes de cada um seguir o seu próprio caminho, para nunca mais nos cruzarmos».

Charles Simic, traduzido por António Cabrita
© Construções Portuárias

posted by Anónimo on 12:22


 

A menina continua a dançar

Agora ao som de "My funny Valentine", do belíssimo e imprescindível Undercurrent, de Bill Evans e Jim Hall.

É um clássico do jazz, que merece todos os superlativos. Até a capa é lindíssima:




posted by Anónimo on 11:48


 
sob escuta

Depois de quatro dias a ouvir ,
achei bem fazer uma primeira pausa, para desanuviar, e pôr a tocar isto:
.
A lista de temas dos dois cds desta ultimate collection está aqui. Apesar de tudo se ouvir muito bem e de já ter os cds há algum tempo, confesso que ainda estou em fase de cura de trauma infantil - ainda não me fartei de ouvir The Pink Panther Theme até à última nota, sem interrupções e com a possibilidade de repetição logo a seguir, isto é, sem ter de esperar pelo próximo episódio.

posted by camponesa pragmática on 11:29


domingo, junho 29, 2003  

©Henri Cartier-Bresson
Beckett, Alguns Encontros

Para compreender este homem apartado que é Beckett seria preciso nos determos na expressão "manter-se à parte", divisa tácita de cada um de seus momentos, no que ela pressupõe de solidão e de obstinação subterrânea, na essência de um ser afastado que prossegue um trabalho implacável e sem fim. (...)

Ele não vive no tempo, mas paralelamente ao tempo. É por isso que nunca tive a ideia de lhe perguntar o que pensava desse ou daquele acontecimento. É uma dessas pessoas que fazem pensar que a história é uma dimensão de que o homem poderia prescindir.

Se fosse parecido com seus heróis, se não tivesse tido nenhum sucesso, seria exatamente o mesmo. Dá a impressão de não querer afirmar-se de modo algum, de ser igualmente alheio à ideia de êxito e de fracasso. "Como é difícil decifrá-lo! E que classe ele tem!" É o que digo para mim mesmo toda vez que penso nele. Se, por um absurdo, não escondesse nenhum segredo, ainda assim pareceria, aos meus olhos, Impenetrável! (...)

...As palavras, quem as terá amado tanto quanto ele?
São suas companheiras, e seu único apoio. Ele, que não se orgulha de nenhuma certeza, se sente bem seguro entre elas. Suas crises de desânimo coincidem, sem dúvida, com os momentos em que pára de acreditar nelas, em que julga que o traem, que o abandonam. Sem elas, fica desarmado, não está mais em nenhum lugar" (...)

Desde que conheço Beckett, quantas vezes não me perguntei (pergunta obsessiva e bastante estúpida, admito) sobre a relação que possa realmente ter com seus personagens. O que têm em comum? Pode-se imaginar disparidade mais radical? Devemos admitir que não apenas a existência deles, mas também a sua, está mergulhada naquela "luz de chumbo" que descreveu Malone morre ? Muitas de suas páginas me soam como um monólogo após o fim de algum período cósmico. Sensação de entrar num universo póstumo, em alguma geografia imaginada por um demónio, livre de tudo, até mesmo de sua maldição!
Seres que ignoram se ainda estão vivos, vítimas de uma fadiga imensa, de uma fadiga que não é deste mundo (para empregar uma linguagem que vai ao encontro das preferências de Beckett), todos concebidos por um homem que adivinhamos vulnerável e que, por pudor, usa a máscara da invulnerabilidade,-tive, não faz muito tempo, numa revelação súbita, a visão dos elos que os uniam a seu autor, a seu cúmplice...O que vi, o que sobreduto senti nesse momento não saberia traduzir numa fórmula inteligível. Isso não impede que, depois, a menor palavra de seus heróis me faça lembrar as inflexões de uma certa voz...Mas me apresso em acrescentar que uma revelação pode ser tão frágil e tão mentirosa quanto uma teoria.

E.M. Cioran, "Exercícios de Admiração", pág 64 a 70.

posted by Anónimo on 17:54


 
Andávamos já há algum tempo a aliciar a Zazie para participar na Janela. O contrato foi difícil de assinar mas chegamos todos a acordo (e não, não recorremos às tramas da Celestina eheheh).

Assim, senhores e senhoras, temos o prazer de anunciar em estreia absoluta, a coluna da Zazie, que se chama, como é óbvio:

Zazie dans le metro

JAVARDINHAS A FIAR

Muito recato e mãos ocupadas sempre foi receita aconselhada a mulher solteira ou casada. Evitava desocupações que só serviam para estimular manhas femininas e arranjar sarilhos a qualquer macho por mais filósofo que fosse e bem sabemos que nem Aristóteles ou Virgílio lhes escaparam...

Na Idade Média a mulher casta era representada pela imagem de uma jovem sentada a fiar com a roca e o fuso pois, como dizia o ditado: "a fiar e a tecer ganha a mulher de comer".

Casta fiação mas também “uma seca” como bem se queixava a coquete Isabel, da Farsa "Quem tem Farelos" do Gil Vicente:

"Faz a moça mui mal feita,
corcovada, contrafeita,
de feição de meio anel;
e faz muito mal carão,
e mal costume dolhar."


E a Inês Pereira que antes quer "asno que a carregue que cavalo que a derrube" também estava disposta a tudo para se ver livre dessas canseiras inúteis, renegando

deste lavrar
E do primeiro que o usou;
Ó diabo que o eu dou,
Que tão mau é d'aturar.


Como tudo tinha o seu oposto nas constantes psicomaquias medievas, a dedicação das fiadeiras também podia ser sinónimo de grandes "javardices" de rameira.

Um ditado da época lembrava este mundo às avessas: "quando a rameira fia, o letrado reza, e o escrivão pergunta quantos são do mês, mal vai a todos três"
(Francisco Roland (F.R.L.I.L.E.L.), Adágios e provérbios, rifãos e anexins da língua portuguesa... compilação de 1841)

A casta alterna com a porca e, para acentuar a troça, usava-se o bestiário satírico, mostrando-se uma javali atarefada na fiação doméstica como sinónimo de prostituição.
A "javali-fiadeira" aparece na marginália medieva sendo comum a sua representação em cadeirais de coro. Por cá existe uma, esculpida numa das misericórdias do cadeiral do Funchal, idêntica a outras como as de Kempen na Alemanha; Ciudad Rodrigo; Toledo ou da igreja de S. Nicolau em Amsterdão, bem como em gárgulas e gravuras da época.



A brincadeira escatológica tem vários paralelos na literatura da época. É referida na imortal tragicomédia La Celestina, escrita por Fernando Rojas, um judeu converso, editada pela primeira vez em 1499 em Burgos. A Celestina é a velha alcoviteira que trata de tecer as tramas dos amores dos jovens, num mundo cínico e cruel onde todos acabam vítimas das suas paixões. No acto III diz a velha alcahueta: "pocas vírgenes, a Dios gracias, has tú visto en esta ciudad que hayan abierto tienda a vender de quien yo no haya sido corredora de su primer hilado ". E mais adiante insiste-se na associação entre o fuso e o falo masculino: "con mal está el huso cuando la barba no anda de suso".(ver: Isabel MATEO GÓMEZ, Temas profanos en la escultura gótica espagñola. Las sillerias de coro, Madrid, Instituto Diego Velazquez, 1979)


Celestina vista por Picasso

As aparências iludem – a velha rameira Celestina ou a Brígida Vaz do Auto da Índia quando se lembram da roca e do fuso não é em trabalho casto que estão a pensar – "quero fiar e cantar/ segura de o nunca ver" suspirava a abandonada mulher do mercador embarcado desejando que ele não tornasse vivo a Lisboa.

Goya conhecia estas histórias todas não se vai esquecer das fiadeiras nas suas gravuras satíricas. No Álbum B que antecede os Caprichos assim representa as raparigas de má vida, tonsuradas e encerradas no reformatório, acrescentando a legenda irónica: San Fernando como hilan!
Mais tarde vai representá-las a depenar os "frangos" que se deixam apanhar nas suas teias.


Goya, Album B (1796/97)

Estas javardinhas não deixaram de ser vistas com agrado num mundo goliardesco onde a virtude convivia descontraidamente com o pecado. Ao lado da javali gárgula de Plasencia vê-se um alegre campónio muito entusiasmado a tocar a gaita de foles.
Tocar gaita também era outra música e quem melhor a soprava ao desafio eram os porcos músicos, mas isso já é outra história ...

© Zazie


posted by Anónimo on 17:27


 

A menina dança?

Continuamos a ouvir jazz. Depois de "Blue Room" cantado a capella por Chet Baker: Cassandra Wilson em Traveling Miles.
O patrocínio é da Blue Note.


posted by Anónimo on 15:41


 

Samuel Beckett




The farther he goes the more good it does me. I don't want philosophies, tracts, dogmas, creeds, ways out, truths, answers, nothing from the bargain basement. He is the most courageous, remorseless writer going and the more he grinds my nose in the shit the more I am grateful to him. He's not fucking me about, he's not leading me up any garden path, he's not slipping me a wink, he's not flogging me a remedy or a path or a revelation or a basinful of breadcrumbs, he's not selling me anything I don't want to buy — he doesn't give a bollock whether I buy or not — he hasn't got his hand over his heart. Well, I'll buy his goods, hook, line and sinker, because he leaves no stone unturned and no maggot lonely. He brings forth a body of beauty.
His work is beautiful.


by Harold Pinter

posted by Anónimo on 13:44


 
Malone está a morrer




Dentro em breve estarei apesar de tudo bem morto finalmente. Talvez para o mês que vem. Será então o mês de Abril ou de Maio. Porque o ano vai pouco adiantado, mil pequenos indícios mo dizem. Pode ser que me engane e que passe ainda o São João ou até o 14 de Julho, festa da liberdade. Que estou eu a dizer, sou capaz de chegar à Transfiguração, sendo como sei que sou, ou à Assunção. Mas não creio, não creio enganar-me quando digo que esses festejos, este ano, se farão sem mim.


É assim que começa Malone está morrer, de Samuel Beckett. A edição é das Publicações Dom Quixote e a tradução é de Miguel Serras Pereira. O livro acabou de chegar aos balcões das livrarias. Trata-se de uma segunda tiragem, o que deve significar que, ao fim de dez anos (foram precisos tantos anos?!), a primeira esgotou. A capa é do Atelier Henrique Cayatte e é bastante mais bonita que a anterior.
Aproveitem para comprar enquanto está disponível porque o ciclo do livro é pequeno. Quando as consignações acabarem lá se vai o Malone para armazém...

posted by Anónimo on 13:40


 


Nas minhas voltas pela cidade consegui recensear mais alguns jacarandás. Na Praça da República há um bem bonito, dentro do pequeno jardim do Institut Français de Porto (esquina com a Rua Álvares Cabral)
Outro na Rua da Constituição, entre o Lima 5 e o Jardim do Marquês.
Na Avenida da Boavista encontrei mais dois: um perto do Meridien e outro a chegar à esquina com a Marechal.

posted by Anónimo on 13:15


 
Ver é a coisa mais difícil do mundo...


© Elliott Erwitt / Magnum Photos (Chateau de Versailles. Yvelines. France. 1975)

...
Ver é a coisa mais difícil do mundo, a gente julga que que vê, mas não vê nada. Nos museus é impressionante: as pessoas passam pelos quadros a correr e páram diante da Gioconda, que tem normalmente 20 pessoas à frente, portanto, também não vêem nada. Lembro-me sempre de um episódio em Quioto, no Japão, que se passou comigo num templo zen muito célebre. Quando lá se chega é desconcertante, porque aparentemente não há nada: o templo por dentro está vazio, em frente tem dois montinhos de areia e, atrás, pedras numa grande confusão. A sensação é: “O que é que isto tem de especial?” Depois há uns livros que eles distribuem, e de repente comecei a ver que aquilo era uma representação do cosmos, desde a origem ao fim, e que aqueles dois montes se chamavam o Jardim do Eterno Nada, onde já não existe nada, é a paz absoluta, o outro lado. E naquela grande confusão de pedras, animais, símbolos, homem, mulher, sexo, morte, violência, origem da vida, comecei a perceber que aquilo não estava ali por acaso, mas segundo uma certa disposição, contando uma história. Comecei a ficar crescentemente entusiasmado. Um monge budista que estava sentado na varanda do templo, a certa altura, perguntou-me se estava a gostar. “Cada vez mais, porque quando cheguei não percebi nada e agora já estou a perceber…” Ele disse: “Já está a perceber?” E eu: “Agora, com este livro, sim.” “É espantoso”, disse ele, “eu venho para aqui há 40 anos, todos os dias e cada vez percebo menos.” Caiu-me uma vergonha e pressenti que ele tinha toda a razão: eu não estava a perceber nada, a não ser o mais superficial…

João Bénard da Costa
(retirado de uma entrevista à revista Pública, de Setembro de 2001)

posted by Anónimo on 12:57


sábado, junho 28, 2003  

Girls in Bikini
para Vila do Conde


© Miguel Rio Branco



Decorria um festival de cinema. Não vimos nenhum filme do princípio ao fim. A ansiedade, a claustrofobia, a minha miopia, apoquentavam-me e os meus amigos eram fixes. Ocupávamos as coxias e saíamos silenciosamente, inclinados para a frente, pela porta fechada que dizia Exit graças a um vermelho luminoso. Os filmes podiam estar bem ou mal realizados, não era esse o critério. O critério era a ansiedade, a eterna companhia. Mesmo assim havia uns melhores melhores que outros, dava para ver o suficiente, o mau hábito dos juízes estéticos. Nos intervalos surgia um personagem todo vestido de preto saído directamente de um filme “underground” nova-iorquino e se chamava Nick e me fascinava ao vê-lo a beber uma bica com a sua pele imaculada nunca antes atingida por qualquer grão de luz solar. Os meus amigos levaram-me dali, senão ainda lá estava.

Era bonita aquela vila ou aquela cidade ou aquela paisagem, que um rio dividia a meio, e onde se podem encontrar as mulheres mais belas, escreveu o escritor português José Maria Eça de Queiroz, que devia saber do assunto porque nasceu ali perto, e eu juro que concordo, em particular com uma que se chama Ana de cabelos absolutamente pretos e que nunca olhou para mim, uma só vez que fosse. Eu sei que não merecia, nem mereço. A Ana. As vezes sem fim em que fiquei a pensar na Ana sem fim. Os beijos de língua imaginados, fotografados, muito bem realizados, bem iluminados, correctamente montados.

Comíamos coisas magníficas – filetes de pescada e polvo, escabeche de enguias, trutas doiradas – por um preço modesto num restaurante pintado todo de amarelo e vermelho perdido num campo de searas e papoilas ao vento. Numa vizinha casa brasonada, em ruínas, um velho muito velho, emigrante de Toronto tocava acordeão com os olhos esbugalhados espantosamente. Antes de chegar a esposa, que tudo acavabava com uma arrelia, uma dor no peito, um ai. Estavámos no Minho, ou perto. O amor doía um bocadinho, como sempre. Como quem diz: nunca me esqueçam, eu tenho um nome, eu sou o Amor. O amor. O suicídio de amor sempre adiado



Pedro Paixão


posted by Anónimo on 20:44


 
João César Monteiro em Vila do Conde



César Monteiro não teve especial relação com o Festival de Vila do Conde, apesar de, em 1996, a sua curta “Passeio com Johnny Guitar” ter sido exibida. No entanto, a sua obra sempre revelou uma característica que encaixa muito bem com o nosso conceito de programação: é um cinema de criação absolutamente livre.
É, pois, com prazer que em colaboração com a RTP e, particularmente, com o programa Onda Curta, apresentamos 4 curtas realizadas por César Monteiro para a Televisão Pública: O Amor das Três Romãs, Os Dois Soldados e A Mãe, integrados numa série produzida pela RTP intitulada Contos Tradicionais Portugueses, e Conserva Acabada, uma co-produção RTP e Secretaria de Estado da Cultura.
Particular atenção a Conserva Acabada, por ser a primeira exibição pública e por nos revelar um alter ego desconhecido de César Monteiro: João Raposão do Audiovisual.
Domingo, 29 de Junho às 23.00h e Domingo, 6 de Julho, às 19.00h, no Auditório Municipal.


posted by Anónimo on 20:43


 
Curtas em Vila do Conde



Começa amanhã o Festival de Curtas Metragens de Vila do Conde. Para além das Competições Internacional e Nacional, há Retrospectivas dedicadas a Eija Liisa Ahtila, Mike Hoolboom e Charles & Ray Eames (que também têm direito a uma exposição na Bibioteca Municipal onde estão algumas peças de mobiliário desenhadas pela dupla) e ainda a secção pluridisciplinar e aberta, Work in Progress.

As informações estão todas neste site

posted by Anónimo on 20:42


 
sob escuta



His cool pose, so often compared to James Dean’s, still invites speculation: What was he thinking?

James Gavin, autor de da biografia Deep In A Dream: The Long Night of Chet Baker e produtor da colectânea Deep In A Dream: The Ultimate Chet Baker Collection, duas peças essenciais para fãs.




posted by Anónimo on 14:47


 
O meu gato, apesar de não fazer posts é uma presença assídua aqui no Blog. Não por gosto, desconfio, mas por ciúmes, vê-se obrigado a frequentar esta Janela. Sendo gato, escolhe os melhores lugares: ou o meu colo, onde consegue sempre festas, ou o monitor que está quentinho (é onde está agora).
Ele é muito concreto, está-se nas tintas para ligações platónicas e só reconhece a poesia das mãos, mas mesmo assim decidi dedicar-lhe um poema.


© cip

Pensão Familiar

Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.

Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.

Manuel Bandeira

posted by Anónimo on 11:00


 


Saúde, Camarada Estaline!



In April 1928, twenty years before the founding of Israel, Joseph Stalin created the world's first Jewish homeland in the Soviet Union, in a barren stretch of land on Siberia's Far Eastern border. Although conceived as a solution to the 'Jewish problem,' The Jewish Autonomous Region (or J.A.R.), became a center for Yiddish culture and tradition, and was the first place in the world where Yiddish culture thrived. The J.A.R. attracted Jewish settlers from across the Soviet Union and even as far away as the United States, Argentina, and Palestine. By 1948 the Jewish population had peaked at 45,000 (roughly one-quarter of the region's total demographics). The J.A.R. was home to Yiddish schools, theaters, publications and synagogues.

Filmed on location in Birobidzhan, capital of the Jewish Autonomous Region, L'CHAYIM, COMRADE STALIN! features interviews with pioneer settlers and current residents, plus footage never before seen outside Russia (as well as the rare propaganda film Seekers of Happiness). This beautifully directed and startling work offers a fascinating glimpse into the most intriguing chapter in 20th century Jewish and Russian histories.

Um documentário a não perder: logo às 23h03 na rtp2.

posted by Anónimo on 10:56


sexta-feira, junho 27, 2003  
Em Galafura

Os povoadores da beira Douro
conhecem o pó e as pedras.
E sabem que o Universo
concebe cerejais e parras.
Vivem como vermes magníficos,
iluminados por dias soalheiros,
obscurecidos pelas invernias.

As Fábulas, de Fiama Hasse Pais Brandão
© Quasi Edições

Linha do Tua



Ontem fui passear de comboio. Foram cerca de 12 horas a viajar, apenas com uma pequena paragem para um almoço ligeiro em Mirandela. O objectivo era fazer a linha do Tua, sem guias turísticos nem alemães de calções. Uma viagem em 2ª classe.

Saída de Campanhã às 8h01. O comboio partiu à hora marcada mas chegou com um pequeno atraso à Régua. Mudança rápida para apanhar outro comboio para Tua. São cerca de 40 minutos rio Douro acima. Na estação de Tua mudamos para uma pequena automotora. Erámos cerca de trinta pessoas: alguns turistas (dos que também dispensam guia), jovens a caminho de um acampamento e meia dúzia de velhotes que foram entrando nos apeadeiros. É uma viagem estonteante, pelo meio de pedras e vegetação, acompanhando o rio Tua até Mirandela.
A linha é estreita e o comboio caminha lentamente sobre as pedras. A maior parte dos apeadeiros está abandonada e em ruínas, como se a natureza voltasse a tomar conta de tudo criando um cenário assombroso, estranho e muito belo.

Comemos qualquer coisa em Mirandela e, cerca das duas, apanhamos o autocarro que nos levava de volta a Tua. A viagem nem sempre acompanhou o rio. Fomos a uma localidade entregar uns velhotes com uma ventoinha e regressamos pela mesma estrada. Demos voltas e mais voltas, passamos numa rua (seria em Meireles?) tão estreita que o autocarro quase tocava nas varandas. A paisagem é magnífica e silenciosa.

Um comboio, que estava à nossa espera, trouxe-nos até à Régua e daí, outro, até Campanhã.

Bilhete Campanhã-Mirandela, ida e volta 14,40 euros

posted by Anónimo on 23:18


 
Homem do Leme

Na quarta-feira peguei no “Casei com um comunista”, de Philip Roth (Edições D. Quixote) e fui para a Foz. O sol não estava demasiado quente e corria um vento fresquinho. Óptimo!
Escolhi a esplanada do Homem do Leme. É uma das mais antigas da Foz, não tem alumínios anodizados, nem cabos de aço, nem cadeiras espreguiçadeiras, nem música – características fundamentais de uma esplanada moderna.
Digamos que é uma esplanada pré-expo (conceito a desenvolver posteriormente) e é precisamente o seu anacronismo que me encanta. Antes da mudança de turno, o empregado (um senhor já com uma certa idade, de calças pretas e camisa branca) veio cobrar mas assegurou-me, olhando para o livro, que podia “ficar lá até às duas da manhã”
Os preços são os normais na linha frente ao mar. Um café e uma garrafa de água: dois euros.

Eu tinha começado a transpirar profusamente devido ao sol que me batia em cheio no rosto, devido à excitação de conhecer Iron Rinn e, agora, encontrando-me numa situação menos confortável, devido a ter de responder a Mr. Ringold como se estivesse na aula, apesar de estar sentado entre dois irmãos com mais de 1,85 m de altura e em tronco nu, dois homens enormes e genuínos que exsudavam o tipo de força máscula, inteligente e convicente a que eu aspirava. Homens que podiam falar de beisebol e de boxe enquanto falavam de livros. E que falavam de livros como se algo estivesse em jogo num livro. Não abriam um livro para o adorarem, para se sentirem elevados por ele ou para se envolverem nele a ponto de esquecerem o mundo em redor. Não, travavam um constante combate com o livro.

Casei com um comunista, de Philip Roth, página 40
(empréstimo da Biblioteca Almeida Garrett)

posted by Anónimo on 21:42


 

Carlos Relvas e a Casa da Fotografia
Em Lisboa, no Museu Nacional de Arte Antiga, até 26 de Outubro.

posted by camponesa pragmática on 13:05


 
sob escuta



Há muito não ouvia nada tão bonito. Se bem me conheço, vou ouvi-lo durante meses seguidos, com pausas para um regresso e uma descoberta. Eventualmente, ouvirei também outras coisas (para disfarçar).

posted by camponesa pragmática on 11:03


quinta-feira, junho 26, 2003  
Lisbon Players – II

Este site não está desactualizado. Lista completa de peças passadas - aqui.

posted by camponesa pragmática on 16:53


 

A propósito do Estrela Hall onde, como disse a Marta, o José Manuel fará amanhã mais leituras com ossos, é justo lembrar que esse é o espaço do grupo de teatro Lisbon Players que, discretamente, tem vindo a pôr em cena (na sua pequena, antiga e encantadora sala de teatro) notáveis peças (Shakespeare, Beckett, Steven Berkoff, entre outros). O site está algo desactualizado, mas o grupo não está parado. Vale a pena estar-se atento ao que acontece no Estrela Hall.

posted by camponesa pragmática on 16:33


 
A BLOGOSFERA

"Bem-vindo à blogosfera

Um espaço de liberdade total ou um exercício de narcisismo? Com sarcasmo, humor ou seriedade, os pensamentos de centenas de portugueses revelam-se na Internet. Uns mais mediáticos do que outros ? todos os autores têm algo a dizer. Está na hora de actualizar os dicionários: a palavra blogue entrou no léxico nacional
[...]"
Gabriela Lourenço e Mário Rui Cardoso
VISÃO
nº 538 26 - Jun. 2003

posted by camponesa pragmática on 15:40


 
OS BLOGGERS

"[...] No hipermundo em que se movem, criaram o seu próprio continente. Chamam-lhe blogosfera porque não tem terra, só mar. Nesse mundo virtual da rede, nem tudo é peixe, nem tudo é carne, tudo se equivale até que alguém o pesque. Hoje invejo-os especialmente porque podem escrever hipertextos, em livres associações de ideias sem contagem de caracteres. Contrabandeando temas em vagabundos pensamentos. Fazendo os seus diários públicos sem falsos pudores. Dizendo o que lhes vem à cabeça como quem pensa em letra de forma. Mas invejo-os sobretudo por terem tempo para isso.

Os "bloggers" são a mais recente e viva expressão dos novos nómadas de luxo, esse novo arquétipo humano do mundo ocidental como os definiu Jacques Attali: são membros da hiperclasse, um grupo social privilegiado pelas suas aquisições culturais que mobilizam esse seu capital e competências de um modo imediato e livre, quase sempre para fins efémeros. Organizam-se em tribos, apesar do individualismo que os caracteriza, mas sem pertencerem a um único grupo, antes juntando os seus estilhaços em improváveis constelações de ideias.

São ligeiros, preocupam-se sobretudo em acumular conhecimentos, experiências e relações. São criativos e ágeis como os golfinhos em alto mar, ora surfando nas ondas que os outros proporcionam, ora descendo às profundezas da alma, ora saltando em acrobáticos saltos, ora mudando bruscamente de direcção para se adaptar às (contra)correntes. São também hospitaleiros, dão as boas-vindas uns aos outros e lamentam quando algum fica pelo caminho, por mais que se tenham insultado mutuamente.
[...]" – PÚBLICO.PT

posted by camponesa pragmática on 15:04


 
Dear Prudence, won't you come out to play
Dear Prudence, greet the brand new day
The sun is up, the sky is blue
It's beautiful and so are you
Dear Prudence, won't you come out and play?

Dear Prudence, open up your eyes
Dear Prudence, see the sunny skies
The wind is low, the birds will sing
That you are part of everything
Dear Prudence, won't you open up your eyes?

Look around round
Look around round round
Look around

Dear Prudence, let me see you smile
Dear Prudence, like a little child
The clouds will be a daisy chain
So let me see you smile again
Dear Prudence, won't you let me see you smile?

Dear Prudence, won't you come out to play
Dear Prudence, and greet the brand new day
The sun is up, the sky is blue
It's beautiful and so are you
Dear Prudence, won't you come out and play?
Lennon & McCartney

posted by camponesa pragmática on 14:21


 
Blues...
MOJO HAND & PETRA



© Bruno Espadana (mais fotos desta série – aqui, aqui e aqui)

2003-06-26 ESTA NOITE
Catacumbas | Bairro Alto | Lisboa


© Bruno Espadana (mais fotos desta série – aqui, aqui e aqui)

Evidentemente, imprescindível.

posted by camponesa pragmática on 12:27


 
L?dia Pereira? Ant?nio Rebelo?

Isto promete.

posted by camponesa pragmática on 11:20


 
Fim de ENSAIO

Por momentos pareceu-me que não podíamos deixar sinais gráficos, acentos etc. Já me imaginava a procurar sinónimos lisos para cada palavra. E temia que a seguir nos proibissem de fumar no blog.

posted by camponesa pragmática on 11:14


 
ENSAIO

Maçã
Exupéry
Não quero ir à escola.
Imprescindível

posted by camponesa pragmática on 11:06


 
Conversas com Ossos

Numa mensagem SMS: "Não tens blogado... Estás bem?". Tenho estado um pouco reclusa, é verdade. Mas não vou faltar às conversas do José Manuel, Sexta, no Estrela Hall.

posted by picatostes on 10:10


quarta-feira, junho 25, 2003  
www.brunoespadana.com

O Bruno deixou um comentário no Boogie, segui-lhe o link e a entrada na página, tendo em conta o meu deslumbramento com fantasmas, não poderia ter corrido melhor.



A página de Bruno Espadana está arrumada em seis espaços. Particularmente útil, e não muito comum neste tipo de página, é a parte relativa às técnicas. Na galeria, que merece uma visita demorada, encontram-se fotografias assim...



Muito bonita!

Porque a página de Bruno Espadana me lembrou o quanto é importante a partilha de informação técnica em fotografia, volto a deixar o endereço do mundo Ilford, com destaque, novamente, para algumas das coisas mais práticas e úteis que aí se encontram: os relatórios e os fóruns café ilfopro e teachers' lounge.

posted by camponesa pragmática on 15:53


 

© Luís Afonso

posted by camponesa pragmática on 13:58


terça-feira, junho 24, 2003  

Profundamente, de Manuel Bandeira

Quando ontem adormeci
Na noite de São João
Havia alegria e rumor
Vozes cantigas e risos
Ao pé das fogueiras acesas.
No meio da noite despertei
Não ouvi mais vozes nem risos
Apenas balões
Passavam errantes
Silenciosamente
Apenas de vez em quando
O ruído de um bonde
Cortava o silêncio
Como um túnel.
Onde estavam os que há pouco
Dançavam
Cantavam
E riam
Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindo
Estavam todos deitados
Dormindo
Profundamente.

Quando eu tinha seis anos
Não pude ver o fim da festa de São João
Porque adormeci.

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempo
Minha avó
Meu avô
Totônio Rodrigues
Tomásia
Onde estão todos eles?
— Estão todos dormindo
Estão todos deitados
Dormindo
Profundamente.


posted by Anónimo on 22:25


 
As Tradições

Almoço tardio em casa de um amigo: um belíssimo cabrito assado que acompanhamos com um douro aveludado (e de 13,5%!): Paço de Monsul. Ele é que fez o assado, eu é que escolhi o vinho.

No entanto, as orvalhadas de S.João continuam.

posted by Anónimo on 21:07


 
A importância política do fogo de artifício



Dispensei as sardinhas mas não resisti ao fogo de artifício. Para além de gostar de jogos pirotécnicos, este ano o espectáculo prometia despique pois Vila Nova de Gaia decidiu entrar na festa.
Abanquei cedo na esplanada do Café do Cais, local estratégico com excelente vista para a Ponte D. Luis e para a ribeira de Gaia, os cenários do fogo de artifício.

À meia-noite começou o fogo sobre a Ponte D. Luis. Nada de especial: as letras (S. João do Porto) não acenderam em sincronia, primeiro o “S. Porto” e só depois “João do” e apenas o último minuto me pareceu bom, mas o que é um minuto?

A seguir foi a vez de Gaia. O fogo fez-se sobre o rio e foi soberbo nas cores, nos efeitos e sobretudo no ritmo e na intensidade. Estrondoso: o melhor que já vi sobre o Douro! A multidão aplaudiu. Foi claramente fogo político.



posted by Anónimo on 20:35


 
Já há muito tempo que não vos lemos fábulas. Escolhi mais duas de Ambrose Bierce (sim, o do Dicionário do Diabo!). Divirtam-se

O Rei Toro e a Raínha Cegonha

O Povo, insatisfeito com um Governo Democrata que só lhe roubava quanto tinha, elegeu um Governo Republicano que, não só lhe roubou tudo o que tinha, como lhe exigiu uma promissória pelo saldo devedor, coberta por uma hipoteca sobre a sua esperança de morte.


A Lebre a a Tartaruga

Eram dois escritores: um brilhante mas indolente; o outro, monótono mas laborioso. Partiram os dois em busca da fama com igualdade de oportunidades. Antes de morrerem, o escritor brilhante figurava em setenta idiomas como autor de dois ou três livros de ficção e poesia, enquanto o outro constava no Departamento de Estatística do seu país natal como o compilador de dezasseis volumes de informação tabelada sobre o porco doméstico.

de Esopo emendado & outras fábulas fantásticas
© Antígona

posted by Anónimo on 19:32


 
A nossa contribuição para o estudo do “umbiguismo” na blogosfera


©Sannah de Zwart

posted by Anónimo on 19:31


 

A exposição relâmpago de Daniel Blaufuks, que me apressei a apagar, deve-se a um engano: pensei estar no layout do Boogie Woogie mas estava no da Janela e só percebi quando fiz view web page após a publicação. Ainda Daniel Blaufuks (com esse título porque vem no seguimento de um post da Cristina de dia 28 de Maio) está agora no Boogie, que é onde pertence estar.

posted by camponesa pragmática on 18:11


 
Poema em linha recta

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos êles príncipes – na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza."

Álvaro de Campos

posted by camponesa pragmática on 16:49


 



"Constantine Manos is the 2003 winner of the Leica Medal of Excellence
, the annual photography award presented by Leica Camera AG of Solms, Germany. The winner was chosen from a field of 250 entries worldwide, and the decision of the judges was unanimous. The award was given for a series of ten related images made between 1999 and 2002 and was based primarily on the basis of aesthetic impact. The series was judged as a whole. Included with the award is a 5,000 Euro cash prize.

Manos' ten winning images represent recent color work from his ongoing project titled AMERICAN COLOR. The photographs will be exhibited at the Leica Gallery in New York, with the opening and award presentation set for September 2003. The exhibition will then travel to Leica galleries in Prague, Vienna, Tokyo, and Germany. Previous winners of the Leica Medal of Excellence include Henri Cartier-Bresson, Lee Friedlander, Elliott Erwitt, Mary Ellen Mark, Ernst Haas, Eugene Richards, Susan Meiselas, and Alex Webb.

Judges for the competition were Jennifer Blessing (President), Project Curator, The Guggenheim Museum, New York City; Hans-Michael Koetzle, Editor-in-chief, Leica World Magazine; Rose and Jay Deutsch, On-Site Directors, Leica Gallery, New York City; Gero Furchheim, Director, Corporate Communications, Leica Camera AG/Leica Gallery, Solms, Germany; Peter Coeln, Director, Leica Gallery/Westlight, Vienna; Jana Bomerova, Leica Gallery, Prague; and Kazuhisa Yoneyama, Marketing Manager, Leica Gallery, Tokyo.

Constantine Manos is a member of Magnum Photos. His work is in the permanent collections of the Museum of Modern Art in New York, the Bibliotheque Nationale in Paris, the Art Institute of Chicago, the Benaki Museum in Athens, the Chrysler Museum in Norfolk, Virginia, and others. His books include PORTRAIT OF A SYMPHONY, A GREEK PORTFOLIO, BOSTONIANS, AND AMERICAN COLOR. He is represented in many Magnum group books and exhibitions." © Magnum Photos


Constantine Manos © Magnum Photos

posted by camponesa pragmática on 14:29


 

Texto muito bonito e muito inspirado do Luís Rei, no Crónicas da Terra, sob o título PETRA + GEORGIOS: O FENÓMENO - a não perder.

posted by camponesa pragmática on 12:40


 


"Os jovens portugueses em idade escolar estão a consumir mais haxixe. Entre 1998 e 2002, a percentagem de estudantes dos 6º, 8º e 10º anos de escolaridade que diz já ter experimentado aquela droga passou de 3,8 para 9,2 por cento. Duas vezes e meia mais.

São também mais os que fumam tabaco, bebem bebidas alcoólicas destiladas e preferem as coca-colas, os doces e os chocolates à fruta e aos vegetais.
[...]
" - PÚBLICO.PT

posted by camponesa pragmática on 12:07


segunda-feira, junho 23, 2003  

S. João

Vou esquecer o que se passa na Casa da Música, no Rivoli, na cidade,... e vou ver o fogo de artifício





posted by Anónimo on 19:26


 


It is a restless moment.
She has kept her head lowered,
to give him a chance to come closer.
But he could not, for lack of courage.
She turns and walks away.
That era has passed.
Nothing that belonged to it exists any more.
He remembers those vanished years.
As though looking through a dusty window pane,
the past is something he could see, but not touch.
And everything he sees is blurred and indistinct.


Cinema no sítio certo

Foi o que aconteceu ontem, na Concha Acústica do Palácio de Cristal.
Já desconfiava que o filme de Wong Kar-Way “Disponível para amar” ia ficar perfeito naquele enquadramento.
Estava escuro, não havia barulhos da rua, a temperatura era amena e o ar cheirava bem.
O vermelho das cortinas pareceu-me ainda mais vermelho, os vestidos de Maggie mais sedutores e a música mais hipnótica.

O único senão

A esplanada do Palácio encerra às 20h00 e nas redondezas não há nenhum café aberto. Andamos dois quarteirões e encontramos as portas todas fechadas. É uma tristeza este definhar da cidade!

posted by Anónimo on 19:07


 

Esta é uma das imagens com que William Albert Allard ilustra a reportagem de Tom O’Neill sobre os intocáveis, a última das castas hindus, ordenadas de acordo com critérios de pureza religiosa. São trinta interessantíssimas páginas da National Geographic deste mês. On-line estão disponíveis as notas de campo do fotógrafo e do repórter, além de escassas linhas da história. Tempos houve em que um intocável podia ser espancado caso a sua sombra tocasse na sombra de um membro de uma casta elevada. As décadas extinguiram punições como essa, mas não amenizaram o sistema e, presentemente, o impuro que ousar banhar-se num lago reservado a superiores arrisca-se, apenas, a ser desfigurado com ácido sulfúrico. As restantes barbaridades - que vão desde a imposição de profissão ao frio homicídio -, às quais as autoridades fecham os olhos ou relativamente às quais são incapazes de fazer frente de forma eficaz, continuam. A manutenção do sistema das castas deve-se tanto a razões religiosas como a razões económicas, já que, no fundo e à margem da sociedade, os intocáveis representam um vasto universo de mão-de-obra desesperada, pronta e, muito importante, tradicionalmente preparada para tudo.

posted by camponesa pragmática on 17:24


 


Anke Feuchtenberger


Sinais da nova BD: muitos autores preferem explorar um universo aparentemente non-sense a contar histórias geralmente associadas aos cânones da BD. Integrada na comitiva alemã, presente no Salão Lisboa 2003 entre 21 e de 24 Maio, Anke Feuchtenberger é autora de um universo pessoal que tanto nos remete para o interior do corpo humano como para a omnipresença do amor, da auto-mutilação e do sexo. Dos seus trabalhos de ilustração e BD, publicados, entre outros, na independente francesa "L'Association", destaque para "Das Haus" ou "La Putain P." (com argumento de Katrin de Vries). Tem participado em inúmeras exposições individuais - Goethe-Institut de Paris, Festival de Angoulême ou o Arts Directors Club, de Nova Iorque.

Três Perguntas a Anke Feuchtenberger

Por Nuno Franco, hoje, no Público.


Espero que a b.d de Anke Feuchtenberger tenha mais destaque no recente blog Beco das Imagens. E já agora, espero ver posts sobre a b.d de Eric Lambé, como de outros mais.
Estarei a rondar o Beco pra não perder o fio. E acredito que vou conhecer autores novos de b.d, espero que sim.


posted by Anónimo on 16:10


 
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