sábado, junho 28, 2003
O meu gato, apesar de não fazer posts é uma presença assídua aqui no Blog. Não por gosto, desconfio, mas por ciúmes, vê-se obrigado a frequentar esta Janela. Sendo gato, escolhe os melhores lugares: ou o meu colo, onde consegue sempre festas, ou o monitor que está quentinho (é onde está agora).
Ele é muito concreto, está-se nas tintas para ligações platónicas e só reconhece a poesia das mãos, mas mesmo assim decidi dedicar-lhe um poema.
Jardim da pensãozinha burguesa.
Gatos espapaçados ao sol.
A tiririca sitia os canteiros chatos.
O sol acaba de crestar as boninas que murcharam.
Os girassóis
amarelo!
resistem.
E as dálias, rechonchudas, plebéias, dominicais.
Um gatinho faz pipi.
Com gestos de garçom de restaurant-Palace
Encobre cuidadosamente a mijadinha.
Sai vibrando com elegância a patinha direita:
— É a única criatura fina na pensãozinha burguesa.