Os povoadores da beira Douro
conhecem o pó e as pedras.
E sabem que o Universo
concebe cerejais e parras.
Vivem como vermes magníficos,
iluminados por dias soalheiros,
obscurecidos pelas invernias.
Ontem fui passear de comboio. Foram cerca de 12 horas a viajar, apenas com uma pequena paragem para um almoço ligeiro em Mirandela. O objectivo era fazer a linha do Tua, sem guias turísticos nem alemães de calções. Uma viagem em 2ª classe.
Saída de Campanhã às 8h01. O comboio partiu à hora marcada mas chegou com um pequeno atraso à Régua. Mudança rápida para apanhar outro comboio para Tua. São cerca de 40 minutos rio Douro acima. Na estação de Tua mudamos para uma pequena automotora. Erámos cerca de trinta pessoas: alguns turistas (dos que também dispensam guia), jovens a caminho de um acampamento e meia dúzia de velhotes que foram entrando nos apeadeiros. É uma viagem estonteante, pelo meio de pedras e vegetação, acompanhando o rio Tua até Mirandela.
A linha é estreita e o comboio caminha lentamente sobre as pedras. A maior parte dos apeadeiros está abandonada e em ruínas, como se a natureza voltasse a tomar conta de tudo criando um cenário assombroso, estranho e muito belo.
Comemos qualquer coisa em Mirandela e, cerca das duas, apanhamos o autocarro que nos levava de volta a Tua. A viagem nem sempre acompanhou o rio. Fomos a uma localidade entregar uns velhotes com uma ventoinha e regressamos pela mesma estrada. Demos voltas e mais voltas, passamos numa rua (seria em Meireles?) tão estreita que o autocarro quase tocava nas varandas. A paisagem é magnífica e silenciosa.
Um comboio, que estava à nossa espera, trouxe-nos até à Régua e daí, outro, até Campanhã.
Bilhete Campanhã-Mirandela, ida e volta 14,40 euros