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sábado, março 15, 2003  

Serge Prokofiev et Modeste Moussorgski par Antonio Rosado

Le pianiste portugais Antonio Rosado interprète la Sonate n° 8 en si bémol majeur (op. 84) de Serge Prokofiev et Tableaux d’une exposition, le chef-d’oeuvre de l’écriture pour piano de Modeste Moussorgski (1839-1881) composé en 1874.
Concert (2001, 65’) enregistré lors de La Folle Journée d’Ivan Ilitch à la Cité des Congrès de Nantes, avec Antonio Rosado.

Às 22h00 no Mezzo


posted by Anónimo on 18:07


 
Comboios

Estreia hoje na rtp2 às 20h10, Rail Away. Segundo a rtp online, trata-se de uma série de 14 documentários sobre viagens de comboio. A informação é escassa e não consigo perceber se o objectivo é turístico ou cultural ou uma mistura dos dois, só vendo. O episódio de hoje passa-se na Polónia. O comboio parte de Varsória até Auschwitz e, pelo destino, adivinho uma viagem muito dolorosa.

Entretanto, e como gosto de comboios, aconselho uma outra viagem, sonora e quase palpável. A entrada para a gare é por aqui



Já agora, deixamo-vos com o press-release de "Orient Express" elaborado pela distribuidora portuguesa da Winter & Winter (a AnAnAnA) que, como sempre, está excelente:


Ao partir para um novo projecto, Stefan Winter não opera de uma forma muito diferente de, digamos, um cineasta. Há uma ideia vaga sobre um retrato, uma imagem que se insinua em momentos do quotidiano e que reaparece nas altas horas da noite. E com ela vem uma história qualquer que é forçoso conhecer-se. Depois, se tudo correr bem, há um conjunto de coincidências e suficiente informação acumulada em livros para abrir o caminho. Desenha-se um contorno estético e procuram-se cumplicidades cruzando-se férteis terrenos entre as artes. Passam dias, semanas, meses e, às vezes, anos. Por fim, baixam-se as resistências e aceita-se a inevitabilidade da solidão. Por momentos tudo parece ter voltado ao início... a página está em branco e convém violá-la. Stefan Winter pega numa caneta e escreve a curta sinopse do seu novo filme. Agora é o começo de uma outra história...

Orient Express – From Paris to Constantinople
Este ‘diário musical’ conta a viagem do Expresso do Oriente, de Paris a Constantinopla, em Junho de 1905. Os passageiros e seus familiares juntam-se no átrio principal da estação de Paris Est e preparam-se para a partida. Enquanto se trocam despedidas e se marcam reencontros, ecoam por entre o mármore das paredes e o cristal dos lustres as notas de um solitário saxofone em lamento cigano. Já com todos a bordo, uma musette faz as despedidas de Paris. Puccini, Strauss, Bizet, Schubert e Brahms são os companheiros desta viagem até ao extremo sudeste europeu. Mas apesar da familiaridade dos sons, tocados pelo quarteto de cordas e pelo pianista do bar, todos sabem que esta é uma viagem até um mundo diferente.

Franceses, Ingleses, Austríacos, Alemães e Húngaros estão a bordo do comboio. Em Munique são recebidos com marchas por uma banda de metais. O clima descontraído proporciona uma agradável distracção para os passageiros. De novo em marcha, é dada a partida para Viena com a novidade musical do momento, a ‘Habanera’ da recém-estreada ópera de Bizet, Carmen. O seu sucesso chegou a todos os pontos da Europa e a excitação é grande.
Enfim Viena. A mais sumptuosa cidade Europeia está movimentada. Por entre o rebuliço de quem entre e sai ouve-se, ao fundo, o ‘Danúbio Azul’. Viena representa uma luxuosa monarquia, e, até certo ponto, é o ex-líbris de uma certa ideia de Europa que fica para trás à medida que o comboio avança. Ouvem-se agora danças Húngaras, prevendo Budapeste. Vozes búlgaras. Atravessa-se a fronteira da Roménia. Aos poucos, ciganos transformam a sua carruagem num salão de festas. Mas no Bar, uma solitária mulher evoca o seu passado amoroso, pedindo ao pianista para tocar mais Puccini. No meio do campo búlgaro, o comboio pára sem aviso. Há reparações técnicas a fazer. Dos terrenos cultivados vêm cantos de trabalho das camponesas. É tempo de se prolongar a festa com os ciganos a bordo e os habitantes da aldeia mais próxima, curiosos pela paragem do Expresso do Oriente.
Quando a maioria dos passageiros acorda já o comboio se dirige a grande velocidade para Constantinopla. O mundo Ocidental é tudo o que está para trás. Quando o comboio chega à sua derradeira estação tudo é diferente: os sons, os aromas, as cores, as pessoas.

Para desenvolver este projecto, Stefan Winter contou com a preciosa ajuda de Stian Carstensen (o acordeonista norueguês de descendência búlgara, responsável pela revelação de Trifon Trifonov e do coro feminino no já editado «Farmers Market»), Fumio Yasuda (o pianista do recente «Charmed with Verdi») e do polaco Kwartet Prima Vista.





posted by Anónimo on 17:45


 

Que sorte: entrar no autocarro, abrir o embrulho e descobrir este livro:

«Ouve-me, Buddy», lia numa novela
de Truman Capote: «só existe
um pecado imperdoável.
A crueldade premeditada»


© Henri Cartier-Bresson (a fotografia mais bonita do Truman Capote)

p.s. é o final do poema Ribeiro Frio do livro Longe não sabia, de José Tolentino Mendonça


posted by Anónimo on 00:00


sexta-feira, março 14, 2003  

O amigo americano

Temos um, não se chama Tom Ripley mas vive em Nova Iorque e anda a inventar a memória. No seu blog, ainda em versão beta, promete: Portugal para leigos, desactualidades, "coisas pequeninas", mentiras de um desterrado e uns postais de New York. Vamos fazer colecção!


© Edward Hopper (New York Movie, 1939, oil on canvas. In the collection of the Museum of Modern Art, New York)


posted by Anónimo on 21:56


 

"Everyone's got to be somewhere"

E a propósito, passei há bocado na fnac de Santa Catarina e vi que estão a montar uma pequena exposição com fotografias de Elliott Erwitt. Ainda não estão identificadas mas só podem ser do Museum Watching.



Um regalo para os olhos. O Elliott Erwitt foi aos Museus descobrir, não as obras de arte, mas as pessoas frente à arte. Muita ironia e um sentido profundo para captar o absurdo e o cómico. Adoro este homem!



Descubram os museus pelos olhos dele


posted by Anónimo on 21:35


 

Sopinha? Claro …e, já agora, um gato também, desde que não tenha de ouvir os Fados para o Apocalipse contra a Babilónia

Um prato de sopa

Um prato de sopa um humilde prato de sopa
comovo-me ao vê-lo no dia de festa
e entro dentro da sopa
e sou comido por mim próprio com lágrimas nos olhos

Ruy Belo


© Elliott Erwitt 1952 (Italy. Rome. 1952)


posted by Anónimo on 21:13


 

and The Hours too







posted by Anónimo on 13:24


 

Punch-Drunk Love: Estreia hoje!



É possível ouvir um bocado da banda sonora, aqui. Para entrar em sintonia.


posted by Anónimo on 13:20


 

Y

Já é costume gostar das capas do suplemento Y do jornal Público e hoje voltou a acontecer. Criaram uma bela capa dupla. Pode-se entrar pelo princípio ou pelo fim, pelos olhos de um homem ou de uma mulher, mas entra-se sempre por um filme: Embriagado de Amor de Paul Thomas Anderson ou As Horas de Stephen Daldry.

Ainda há boas razões para comprar o jornal em papel.


posted by Anónimo on 13:05


quinta-feira, março 13, 2003  

Acho perfeitos estes versos de Drummond de Andrade “Bela/ esta manhã sem carência de mito/ e mel sorvido sem blasfémia.” porque neles o humano basta exactamente.


posted by camponesa pragmática on 17:13


 

O Tomás Carneiro (já nos conhecemos de outras paragens, não é?) foi ao Coliseu ver o XXX dos Fura del Baus, mas parece que não se entusiasmou. O relato do repórter no local:



Los Fura del Baus vieram ao Porto.
O resultado? Uma erecção colectiva. Pouco mais.


O objectivo deste espetáculo, assumido por esta companhia catalã, era chocar as pessoas.
Esse objectivo falhou rotundamente, pois os fura parecem não saber que o sexxxo, mesmo servido num espaço pouco usual (o coliseu do Porto, casa quase religiosa de uma seita, essa sim, pornográfica) já só choca alguns elementos das juventudes partidárias de direita, e uma ou outra beata da velha guarda.

Os constantes apelos à liberdade (do) pessoal e ao fim dos preconceitos já chateiam.
Será que estes artistas pós-modernos não sabem que existem outras formas de fazer arte para além daquela que apenas pretende confrontar as pessoas com a sua apatia e inanição, próprias de um indivíduo diluído num grupo (neste caso o público do coliseu)?

"Aqui ninguém pensa." - dizia uma das actrizes para a plateia pouco interactiva. Logo a seguir, era vê-la, toda interactiva, a levar com um banho de esperma na cara. "Isso dá que pensar." - terá pensado a plateia.


posted by Anónimo on 15:13


 

Porque a Primavera é um direito inviolável (2)
Todos os dias ao fim da tarde, quando regresso a casa, passo por uma mimosa que deu flor. Passo lentamente, distraída ou cansada, ou passo apressada pela fome. Intenso, o perfume insinua-se. Acusa a presença silenciosa da árvore. Diz: “Estamos aqui.”


posted by camponesa pragmática on 14:21


 



Poemas
para Cris que faz anos :)




Frésias


Frésias são flores com cheiro a chã
e ela, aos trinta e sete anos, preferi-as
às flores que se vendem por aí
admitia a beleza mas não o esplendor
porque são tristes as repetições
num instante se tornam saberes
e ela, aos trinta e sete anos,
prezava apenas os segredos que mesmos ditos
permanecem como segredos

(em certas épocas, por alguma porta esquecida
escapava-se, sonâmbula, para o pátio
que dá acesso à mata
e, por vezes, iam buscá-la
gritando o seu nome ou com a ajuda dos cães
já muito longe de casa

tinha por hábito acender fogueiras
de que, depois, se esquecia
e por isso também os aldeões
a temiam)

nunca compreendeu a natureza da vida doméstica
intensa e aflita criança
incapaz de certezas

o que de mais belo soube
sempre o disse, de repente
a alguém que não conhecia

José Tolentino Mendonça





Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É uma arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol.

António Ramos Rosa






Dos lados do mar

Como Pelléas, também o vento de março
vem dos lados do mar.
Há nele uma aspereza de que sempre
gostei: a da fala
dos homens que estendem as redes
no sol dos varais, a dos frescos
de Siena onde também
passou um vento frio ao anoitecer
- o das escarpas de Alpedrinha,
que sempre, sempre, me escapava
entre os dedos e deixava nos cabelos
um cheiro à matinal luz da resina.
O que entrou pela janela
esta manhã e me bate na cara
traz o aroma das dunas,
cheira a barcos, ferrugem, alcatrão.
É o vento da Cantareira.

Eugénio de Andrade






O Sacrifício

Um cometa errante
numa noite do campo
não o punhado de moedas de cobre

Era uma questão de perigo
esse cerimonial de abandono
onde até os astros eram aludidos

Dizias comigo
será só esta vez
não voltarás a ter medo
e as estrelas adormecerão
pela terra

Experimentei orações e avisos
nos mapas
mas já não havia um único lugar disponível
a barbárie crescera

Então nesse dia eu ardi a minha casa
e fugi de bicicleta

José Tolentino Mendonça

posted by lídia pereira






Amo os gestos imprecisos
um que tropeça, o outro
que bate com o copo,
o que não se lembra,
os distraídos, o sentinela
que não sabe deter o piscar
breve das pálpebras,
trago-os no coração
porque vejo neles o tremor,
o tinido familiar
do mecanismo avariado.
O objecto intacto cala-se, não tem voz
mas só movimento. Aqui pelo contrário
a máquina deu de si,
e o jogo das partes,
um pedaço separa-se,
anuncia-se.
Dentro alguma coisa dança.
- Valerio Magrelli
in ‘A Espinha do P’,
(tradução colectiva)
Quetzal Editores/1994


Canto Esponjoso

Bela
esta manhã sem carência de mito
e mel sorvido sem blasfémia.

Bela
esta manhã ou outra possível,
esta vida ou outra invenção,
sem, na sombra, fantasmas.

Umidade de areia adere ao pé.
Engulo o mar, que me engole.
Valvas, curvos pensamentos, matizes de luz
azul
completa
sobre formas constituídas.

Bela
a passagem do corpo, sua fusão
no corpo geral do mundo.
Vontade de cantar. Mas tão absoluta
que me calo, repleto.
- Carlos Drummond de Andrade
in Novos Poemas, Record/1948


Tejo

Aqui e além em Lisboa – quando vamos
com pressa ou distraídos pelas ruas
ao virar da esquina de súbito avistamos
irizado o Tejo:
Então se tornam
leve o nosso corpo e a alma alada.
- Sophia
in Musa
Caminho/1994



Poética


Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
[ protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho
[vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com
[cem modelos de cartas e as diferentes
[maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira



posted by Ana Alves

e porque foi por referências da cristina que descobri Henri Michaux, aqui vai o maravilhoso CLOWN, em francês mesmo ;) tradução brasileira aqui

CLOWN

Un jour.
Un jour, bientôt peut-être.
Un jour j'arracherai l'ancre qui tient mon navire loin des mers.
Avec la sorte de courage qu'il faut pour être rien et rien que rien, je lâcherai ce qui paraissait m'être indissolublement proche.
Je le trancherai, je le renverserai, je le romprai, je le ferai dégringoler.
D'un coup dégorgeant ma misérable pudeur, mes misérables combinaisons et enchaînements "de fil en aiguille".
Vidé de l'abcès d'être quelqu'un, je boirai à nouveau l'espace nouricier.
À coups de ridicules, de déchéances (qu'est-ce que la déchéance?), par éclatement, par vide, par une totale dissipation-dérision-purgation, j'expulserai de moi la forme qu'on croyait si bien attachée, composée, coordonnée, assortie à mon entourage et à mes semblables, si dignes, si dignes, mes semblables.
Réduit à une humilité de catastrophe, à un nivellement parfait comme après une intense trouille.
Ramené au-dessous de toute mesure à mon rang réel, au rang infime que je ne sais quelle idée-ambition m'avait fait déserter.
Anéanti quant à la hauteur, quant à l'estime.
Perdu en un endroit lointain (ou même pas), sans nom, sans identité.

CLOWN, abattant dans la risée, dans le grotesque, dans l'esclaffement, le sens que contre toute lumière je m'étais fait de mon importance.
Je plongerai.
Sans bourse dans l'infini-esprit sous-jacent ouvert à tous,
Ouvert moi-même à une nouvelle et incroyable rosée
à force d'être nul
et ras...
et risible...

Henri Michaux

posted by Anónimo on 12:33


quarta-feira, março 12, 2003  


© Bruno Barbey (ITALY. Sicily region. Town of Palermo. 1964)


posted by Anónimo on 21:50


 
a poesia vai acabar
2>

Hans-Ulrich Treichel é um dos poetas traduzidos e inseridos na colecção Poetas em Mateus, da Quetzal Editores. "Como se fosse a minha vida" é o livrinho resultante de um seminário de tradução colectiva (por João Barrento, Pedro Tamen, Nuno Júdice, Fernando Pinto do Amaral entre outros) de um conjunto de poemas, neste caso, de um dos mais
significativos poetas de língua alemã.
No préfacio, João Barrento, anota : "Na sua discrição,no seu laconismo, na sua recusa de toda a ênfase e grandiosidade, a poesia de Hans- Ulrich Treichel é aquilo que a poesia hoje pode ser- até para não se confundir com outros discursos, mais dados a prolixas ladainhas da interioridade e da memória, a "leituras" da História, ao empolamento mediático de fait divers ou à "objetividade de factos", que o neopositivismo de hoje aceita bem."
Trata-se de uma poesia sem pretensão alguma, carregada, aqui ou acolá, de ironia, descritiva; uma poesia feita de observações
de "pequenos sintomas do corpo e da alma". Os poemas apresentam uma aparente ausência de "esforço", porque não há grandes formas. Só uma naturalidade impregnada às palavras. Como diz o poeta "a fidelidade das palavras/ já não sonho com ela".



Como se fosse a minha vida

De noite não escrevo cartas,
qualquer que seja a luz, para onde quer que seja.
E já não me assusta o elevador
vertiginoso, desde que o sono
me habitou à queda.

Na luz do fim da tarde agora brilha
para sempre a minha varanda amarela.
Campos salgados, colinas esburacadas,
já não me assustais.

Como se fosse a minha vida,
fecho as janelas, vou comendo
pão, poupo energia.






Como Joyce em Trieste

Desço de carro pela margem do Arno,
com o livro de alemão sobre os joelhos, como
Joyce em Trieste, atravesso distraído
zonas de peões, vejo os meus ombros
em todas as montras, e é tudo, nem
danças nas praças, nem raparigas
com vestidos de seda, nos arbustos, Ulisses,
com ar de parvo, sorri embaraçado,
de que me servem as palavras?, tusso,
agradeço, isto não vale um chocolate,
e entro num café para morrer.


Regras da casa

Nunca omitir os infortúnios
e contar cada história até
ao fim. Tapar com panos
os espelhos; facas debaixo
da mesa. Consolar a coruja e
trinchar o morcego.
Nunca perder a raiva, aconteça
o que acontecer. Deixar entrar
quem quer que seja.


Ponto da situação

Um céu tão sujo,
desde há dias sem milagres, só barulho
nas ruas, automóveis imponentes,
em quem hei-de acreditar senão
no meu dentista, um ser
humano tem de ler os jornais,
dou uma dentada e pasmo, há anos
já o vento rugia a pedir clemência
e as chaminés tremem
ainda e sempre de felicidade.



Recaída

De vez em quando uma recaída
na fumarada dos blues,
nos uivos do saxofone
de não sei quem.
De quando em quando um dos livros
que estão em cima do guarda-
-fato. Há dias Camus
caíu-me aos pés. Meu Deus,
que belos tempos, quando tudo
era ainda sem sentido e não
me doíam as cruzes.



A fidelidade das palavras

A fidelidade das palavras
já não sonho com ela, vão
e vêem, fogem, troçam,
que terias, se não fôssemos nós,
na tua boca branca de calcário, na tua
língua seca, elas zumbem, sibilam,
até eu lhes dizer, a essas traidoras,
sonoras, ciciadas, mudas, que seríeis
vós se eu não insistisse
em seguir-vos o rasto leviano?


Esforço

O suor corre
em bica como se eu
cortasse troncos de árvore
e afinal eu só escrevo
um pequeno poema
muito frio



posted by Anónimo on 21:28


 
respostas em atraso

A Raquel Crato escreveu-nos. Diz que gosta da janela mas reclama mais interacção. Pois é, tens razão Raquel, esta janela só abre para um lado. Mas prometemos fazer obras e criar umas caixinhas de comentários e até, quem sabe, pôr umas gelosias e umas sardinheiras.

E a Sara Figueiredo Costa convidou-nos a passar pelo Canal de Livros.
Trata-se de um site intensamente virado para os livros, gerido pela associação Cultural Canaldelivros.com.
O tempo não está de feição mas o canal dos livros promete actualização diária, sem subsídios nem apoios. Força! Os livros não mudam o mundo mas mudam as pessoas e isso já é muito.

Desculpem o atraso mas o nosso carteiro ainda não entendeu o conceito de rapidité, como podem ver


posted by Anónimo on 20:59


 

sob escuta
2>


Paco Ibàñez I, o Lorca/ Góngora, na edição de 2002 da flor del tiempo. Passei anos a sonhar com este disco por causa de Lorca e agora compreendo que subestimei Góngora na voz de Ibàñez. Esta voz, de 1964, é muito jovem e muito bela. Primeira promiscuidade: apetece roubar aquela frase que Miles Davis teria usado para descrever João Gilberto, "He could read a newspaper and sound good”, porque soa mesmo muito bem a voz de Paco Ibàñez a vaguear pela casa. Segunda promiscuidade: dizem-me que misturar música, poesia e política não é boa ideia... yet... "He could read a newspaper and sound good". Perversidade: a do tempo. Já no dia em que vi Cronaca Familiare pensei nisso a propósito de Mastroianni, do qual sempre guardei uma imagem vetusta. Agora pensei o mesmo ao procurar fotografias de Paco Ibàñez na internet para ilustrar isto. O tempo é perverso... "y ríase la gente."



posted by camponesa pragmática on 16:51


 
O circo chegou à cidade



Circo da China, pela primeira vez, em Portugal. Zensation, um espectáculo que reúne os grupos de elite da arte milenar chinesa. Para ver, a partir de amanhã e até dia 30, no passeio ribeirinho de Algés

Os espectáculos decorrem de terça a sexta-feira, às 21.30 horas, aos sábados, às 16 e às 21.30 horas, e aos domingos, às 11 e às 16.30 horas.
© Ana Vitória JN

posted by Anónimo on 13:37


 
os livros e o luar contra a cultura
9>

cada árvore é um ser para ser em nós é um livro muito bonito. Poemas de António Ramos Rosa, fotografias de Paulo Gaspar Ferreira e uma introdução de António Damásio que resume assim o espírito da obra: Os poemas de António Ramos Rosa e as fotografias de Paulo Gaspar Ferreira falam de calma e contemplação num universo onde a vida está intimamente ligada à terra por raízes nutritivas. No entanto, por detrás desta estabilidade e sossego, animadas apenas por vento e sombras, podemos imaginar o aparecimento de formas de vida mais complexas, formas que eventualmente se tornarão em nós, os contempladores. Este livro é uma espera e anuncia o que virá”.

Feito com enorme cuidado gráfico (na escolha de papéis e na impressão), e acompanhado por um cd cheio de sons captados à sombra daquela árvore da Granja de Belgais: sons do vento, das folhas, dos pássaros e até do rebanho da Catarina. Para ouvir de olhos fechados e esperar.

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apaziagua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses

Não deve ser fácil de encontrar nas livrarias mas podem descobri-lo no site da editora:in-libris.




posted by Anónimo on 13:23


 
sob escuta
1>

De onde vem esta música? Ontem fiquei completamente aturdida com o concerto da Jocelyn Pook. É um som tão etéreo e deslumbrante que, ou fui enganada e estou sob o efeito de um poder estranho (mas foi tão doce e consentida a sedução), ou então aquela música entrou mesmo de sopetão na alma.

Não sei analisar o que ouvi. Percebi que há uma ponte entre o ocidente e o oriente, entre o estar acordado e o sonho. Lembrei-me de outras músicas e de muitos filmes, mas não descobri de onde vem a música da Jocelyn Pook.

Um palpite aconselhou-me a gravar e só espero que as repetições confirmem esta felicidade (um bocado idiota, é certo) que tenho estampada na cara.
Estejam atentos às repetições do Mezzo. A música faz milagres!

posted by Anónimo on 13:23


 

O que podemos esperar? Esperança é mesmo a resposta? *



É impossível ler o nome "clarice lispector" e não dizer nada (para mim,obviamente). E, como não quero que a minha paixão pela obra desta escritora não se transpareça nas minhas palavras, optei por furtar a um site um conto supimpa intitulado "uma esperança".
Partindo da chegada de um insecto verde que no Brasil se chama "esperança", a acção se desenvolve. Este insecto, ao entrar em casa, traz a memória da esperança. Passo a passo, há um jogo de relembrança,trajectado pelo o próprio caminho do insecto. Uma vez na "casa" insecto-esperança, outra vez na "casa" do esperança-insecto.
(bem, se uma pessoa pode ir à fonte beber, para quê, então, estar com vasos a verter,ao pingos, o que escritor (ou poeta) disse ou deixou de dizer com as suas palavras.)




Uma esperança


Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.

Houve um grito abafado de um de meus filhos:

- Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.

- Ela quase não tem corpo, queixei-me.

- Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.

Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.

- Ela é burrinha, comentou o menino.

- Sei disso, respondi um pouco trágica.

- Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.

- Sei, é assim mesmo.

- Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.

- Sei, continuei mais infeliz ainda.

Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.

- Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.

Andava mesmo devagar - estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.

Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia "a" aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:

- É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...

- Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.

- Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros - falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.

O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.

Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.

Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.


Clarice Lispector

in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998


posted by Anónimo on 13:16


terça-feira, março 11, 2003  

© Julian Schnabel

A sombra de Poe na voz de Lou Reed


Li, há pouco, no site do jornal de música, Blitz que é provável uma visita de Lou Reed, ao nosso país, em fins de Maio ou inícios de Junho. As datas e os locais ainda são desconhecidos.

The Raven, o recém-publicado duplo álbum de Reed recompõe o espectáculo de palco,"POEtry" criado com Robert Wilson. Neste álbum Reed contou com a colaboração de Robert Wilson, Laurie Anderson, Ornette Coleman, Willem Dafoe, Steve Buscemi, The Five Blind Boys of Alabama e David Bowie.
Baseado em diversas peças e poemas crucias de Edgar Allan Poe-"The Cask of Amontillado", "The Fall of The house of Husher","The Tell-Tale Heart", "The Pit and the Pendulum", "Annabel Lee" e "The Imp of the Perverse" que se centra em torno do poema "O Corvo" que Pessoa já traduziria. Esta retoma ao Poe não é nova. Em, The Bells, já o abordava.

Na altura da estreia da peça "POEtry", Robert Wilson disse ao "Tageszeitung": "Poe está, para mim, entre os maiores escritores de sempre. (...) Quando lhe falei acerca da minha intenção de trabalhar sobre Poe, ele encorajou-me. O que me interessa em Poe é que ele representa um mistério insóluvel, algo que faz parte do subconsciente colectivo. Há nele também algo estranho: se, por um lado, foi um espírito universal, por outro, o seu destino pessoal influenciou enormemente a sua obra. Poe está cheio de contradições. E o que me fascina mais nele é a presença de uma certa forma de ironia quando, habitualmente, o imaginamos como uma personagem extremamente sombria."
E Lou Reed diria: " Poe é compulsivo, obsessivo, ansioso, pura paranóia. Peguei no ensaio que ele escreveu, "The Imp of the Perverse",e, a partir dele, escrevi uma pequena peça para o álbum. fi-lo no estilo de Poe a pedido do Bob Wilson que me tinha sugerido que escrevesse um ensaio freudiano sobre ele. O tema é: porque me atrai tanto aquilo que sei ser mau para mim? Basicamente, parti dos textos de Poe para me exprimir individualmente. E nunca tive um momento que fosse de hesitação. Adoro a linguagem de Poe. tem tudo a ver com o que penso que o rock poderia ser: o lado físico, rítmico e sexual combinado com o poder da palavra. Não vejo nenhuma razão para que não possamos gostar de rock e ser inteligentes ao mesmo tempo."



Prologue.


Valley of Unrest.


The City in the Sea.


The Fall of the House of Usher.


The Raven.


The Tell-Tale Heart


The Imp of the Perverse


The Cask of Amontillado


The Pit and the Pendulum


Annabel Lee


Hop Frog


posted by Anónimo on 21:49


 
110 minutos numa admirável convergência de maravilhas

Ontem fui ver Cronaca Familiare (1962), de Zurlini, com Marcello Mastroianni, filme inserido num dos ciclos da Cinemateca para este mês, o dos Homens Fatais. Mas a fatalidade não se ficou por Mastroianni e esteve presente em quase tudo: na música sublime de Goffredo Petrassi, na fotografia irrepreensível de Giuseppe Rotunno e na bela história adaptada de Vasco Patrolini. É destas convergências que mais gosto no cinema.

posted by camponesa pragmática on 12:03


 
Baal

“É um vendaval”, diz Jorge de Silva Melo. Baal é Miguel Borges, é um poeta que corre e salta, vocifera, canta e grita. É insuportável, malcriado, excessivo, atira-se à vida como se se estivesse a matar. Inquietação é a palavra que o define.
Depois da estreia em Viseu, Baal vai estar hoje e amanhã em Coimbra.
Não se pode perder.


posted by Anónimo on 10:02


 
Susanne Abbuehl



Centro Cultural de Belém
15 de Março
21h00 | Grande Auditório

(...) Love is a deeper season
than reason,
my sweet one
(and april's where we are).

E.E. Cummings

«Cantora de origem suíça, discípula de Jeanne Lee e que obteve notável sucesso com a sua primeira gravação na editora ECM. "April", o disco, congregou de imediato opiniões favoráveis da Crítica ao que se tem juntado a confirmação em inúmeros concertos de sucesso. Muito cuidadosa na escolha do repertório, S. Abbuhel sobressai no actual panorama de cantoras de jazz.
Uma revelação do canto Jazz no feminino, consagrada no catálogo ECM. Uma voz rica com enorme sentido de composição e orquestração. Um timbre e uma técnica vocal diferentes com o necessário suplemento de alma. Poemas de E.E. Cummings, palavras para a música de Carla Bley e standards de som cru, constituem a base desta cantora que é um símbolo de renovação.»

Intérpretes
Christof May (clarinete e clarinete baixo), Samuel Rohrer (bateria e percussão), Wolfert Brederode (piano; harmonium e melodica), Susanne Abbuehl (voz)
Preços
20,00 euros (1ª plateia); 17,50 euros (2ª plateia e camarotes centrais); 15,00 euros (camarotes laterais); 12,50 euros (laterais e 1º balcão); 10,00 euros (2º balcão); 7,50 euros (balcão lateral); 5,00 euros (galerias)

© CCB



posted by camponesa pragmática on 09:54


 
Kleist é um escritor extraordinariamente moderno!

Descobri agora através da (Coluna Infame) umblogsobrekleist. É isso mesmo: um blog sobre a vida e obra de Heinrich von Kleist (1777-1811), teatro, arte, ciência, literatura, actualidade, cozinha italiana, xadrez, os fundamentos da República, dúvida metódica, e tudo. Criado e mantido por Alexandre Andrade, com a cumplicidade activa de Ponziani e de América Moura.

Com escolhas assim, claro que já está na lista dos blogs a ler. Fico à espera de mais notícias da Marquesa, raciocínios sobre a vida das marionetas e, já agora, não se pode formar um grupo de pressão para "obrigar" a Antigona a reditar o Michael Kohlhaas?


Paulo Claro/Michael Kolhaas




posted by Anónimo on 01:32


 
Concerto de Jocelyn Pook Ensemble com Natacha Atlas hoje às 20h45 no Mezzo. O curriculum delas é vasto e, às vezes, cinematográfico: a Jocelyn Pook compôs parte da admirável banda sonora de Eyes Wide Shut, de Stanley Kubrick e é a Natacha Atlas que canta a versão inquietante de I Put a spell on you no filme Intervenção Divina. Mas há muitas mais razões para não perder este concerto!

posted by Anónimo on 01:21


 
Os livros em volta

Hoje há conversas na Culturgest. O tema é a ficção estrangeira e à mesa vão estar Mário Santos, Maria Antónia Amarante Santos, José Vaz Pereira, António Rodrigues e Mário Jorge Torres no papel de moderador.
Os livros que eles escolheram são um primor:
Lágrimas e Suspiros, Ingmar Bergman, Ed. Assírio & Alvim
Franny and Zooey, J. D. Salinger, Ed. Relógio d'Água
Os Cães Ladram, Truman Capote, Ed. Relógio d' Água
Mitsou, Balthus/Rilke, Ed. Relógio d' Água
O Menino da Quinta-Feira Negra, Alejandro Jodorowsky, Ed. Oficina do Livro

Às 18H30 no Pequeno Auditório, entrada livre.

posted by Anónimo on 00:54


segunda-feira, março 10, 2003  

O Sabor do Cinema




O cinema voltou a Serralves. Trata-se do segundo ciclo de O Sabor do Cinema proposto pela Associação Os Filhos de Lumiére. A ideia destas sessões é reestabelecer uma relação de cinefilia com os filmes, aprender a vê-los, falar sobre eles e amá-los mesmo. Longe de pipocas e estardalhaços.
“Encontros de olhares, os filmes não se esgotam no acto de serem vistos. Eles são matéria que dialoga na memória e por isso nos oferecem infinito assunto de conversa...”, dizem os Filhos de Lumiére.

Há sessões às terças para escolas e aos domingos para o público em geral. O auditório é confortável, os bilhetes são baratos, há um café e um intervalo para o poder tomar, e o magnífico e variado programa é este:

Terça, 18 de Março, 10:00 / Domingo, 23 de Março, 16:00
Os Salteadores, Abi Feijó / O Homem que sabia demais, Alfred Hitchcock

Terça, 01 de Abril, 14:00 / Domingo, 06 de Abril, 16:00
Se a Memória Existe, João Botelho / A Idade Maior, Teresa Vilaverde

Terça, 29 de Abril, 10:00 / Domingo, 04 de Maio, 16:00
Circa M, Amarante Abramovici / Serenata à Chuva, Stanley Donen

Terça, 13 de Maio, 14:00 / Domingo, 18 de Maio, 16:00
O Sr. Nuit, Maria João Clemente / O Sétimo Selo, Ingmar Bergman

Terça, 03 de Junho, 10:00 / Domingo, 08 de Junho, 16:00
En Rechâchant, Jean-Marie Straub e Danièle Huillet / Jean Rouch, Eu, o Negro


posted by Anónimo on 21:33


 

Vale a pena relembrar a discreta notícia

Cartão Clube Medeia

“A pensar nos cinéfilos assíduos, a Medeia Filmes criou o Cartão Clube Medeia ao qual já pode aderir, bastando pedir o formulário no balcão de reservas do cinema Monumental, nas bilheteiras do cinema King e nas bilheteiras do cinema Cidade do Porto.

Com este cartão, que entra em vigor a partir do próximo mês de Janeiro, pode assistir a qualquer sessão nos cinemas Medeia de Lisboa (Monumental-Saldanha, King, Fonte Nova e Nimas) e do Porto (Cidade do Porto, Nun'Álvares e Passos Manuel) ao preço de segunda-feira: 3,5 € em Lisboa, e 3 € no Porto.

Para além desta vantagem exclusiva dos sócios do Clube Medeia, estes receberão ainda em casa, convites para antestreias e publicações do nosso grupo cinematográfico.

A validade deste cartão é anual, e para o obter terá de pagar apenas 5 €. Para mais informações, dirija-se às bilheteiras, ou contacte-nos através do número: 21 314 22 23 ou marias@medeiafilmes.com”

© Cinemas Medeia


posted by camponesa pragmática on 13:28


 

Biblioteca de Herculano - à espera de futuro menos voraz

A RTP2 passou há cerca de um ano, n’O Lugar da História, um documentário sobre as investigações arqueológicas que levaram à descoberta da antiga Herculano, vila situada nas imediações do Vesúvio que, há dois mil anos, desapareceu sob uma nuvem de fluxo piroclástico proveniente da erupção do vulcão.

O Público noticiou hoje a abertura da vila a visitantes, salientando o que já se sublinhara no documentário passado pela RTP2: a importância crucial da descoberta da biblioteca de Herculano, uma das mais substanciais bibliotecas da Antiguidade, que poderá conter “obras de Sófocles, Eurípides, Ésquilo ou Horácio. Novos diálogos de Aristóteles, textos da escola de Epicuro, exemplares de "A Eneida", de Virgílio, e da "História de Roma", de Tito Lívio, da qual mais de 100 dos 142 volumes se encontram desaparecidos [e que] podem estar conservados a 30 metros de profundidade.

O problema é que, para continuar a trazer à luz do dia as partes ainda ocultas da biblioteca, o Governo italiano terá de proceder a algumas expropriações, decisão difícil pois um dos limites à arqueologia e à defesa do património cultural é, precisamente, acreditar-se que a pedra não deverá sobrepor-se aos homens e que, em caso de conflito, a defesa da primeira deverá ceder em prol da defesa da vida dos segundos. Compreende-se perfeitamente. Comparar (como faz Nunzio, habitante de Herculano que se opõe, logicamente, às expropriações) papiros a pizzas é que não lembra ao diabo - "Nós, os italianos, comparamos as relíquias arqueológicas a pizzas - temos as melhores do Mundo, mas quando as comemos todos os dias esquecemos até que ponto são especiais".


posted by camponesa pragmática on 12:01


domingo, março 09, 2003  

© Gérard Castello Lopes

In Portugal, the way things work is: You don't get to see the garden of mythical dreams, but you do get to see the cork-lined punishment room.

Liza Mundy e o marido vieram fazer uma visitinha de oito dias ao nosso país, não sabiam nada sobre Portugal e agora, se calhar, pouco mais sabem: é barato, come-se mousse de chocolate ao pequeno-almoço, não se cumprem os horários, temos um complexo de inferioridade que nos impede de tratar do património, já não cantamos fado no bairro alto, and so on...

O Washington Post pagou as despesas e nós bem podemos rir.

what a funny country this is (acompanha bem com Frank Sinatra e Bing Crosby em Well Did You Evah)

posted by Anónimo on 23:35


 
ponto af



Segundo a revista Salon o Afeganistão vai entrar no espaço virtual amanhã.

"Planting its flag in cyberspace," Afghanistan will officially activate its .af Internet domain name on Monday for Afghan e-mail addresses and Web sites, officials and the United Nations said.

The effort, a joint collaboration between the U.N. Development Program and the Afghan Ministry of Communications, marks a giant technological leap for a country where the Internet was banned for years during the former Taliban regime. But it is likely to be a long time before the average, impoverished Afghan citizen will be able to afford to explore the new possibilities.


Parece que o negócios dos cibercafés está em franco desenvolvimento em Cabul, ora leiam esta história que saiu no The Washington Post.

"When I opened the Internet cafe, my friends thought I was crazy," said Latifa, 33. "But it's been in business about two months now, and it has already paid for itself."

"The government and [international aid organizations] won't make Afghans stand on their own feet," he said. "Businessmen will do it."

posted by Anónimo on 22:52


 



É francesa, fala sobre livros, política, fotografias, banda desenhada, discos, sites, viagens, moda e mais mil e um assuntos. O grafismo é excelente. É eclética e, como dizem no texto de apresentação, essa é a sua característica principal: praticam uma abordagem global onde a música, a política, os meios de comunicação, a cultura ou a economia aparecem lado a lado. Claro que as intenções políticas são evidentes.

De realçar também a sua existência periférica. A redacção é em Rennes e é bom descobrir que a geografia dos novos meios não segue o traçado das capitais e das instituições.

No site é possível ler os artigos dos números já publicados mas nem sempre na integra.
Não sei se a l'oeil électrique anda por aí nas tabacarias mas a assinatura não é cara: 6 números por ano, 27 euros. Acho que vale a pena mas, vendo melhor o formulário, será que se mostrarmos cópia do BI pagamos apenas 19 euros? (précaires, sur justificatif)

Estamos seduzidos pelo olho eléctrico.

posted by Anónimo on 17:34


 
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