Estreia hoje na rtp2 às 20h10, Rail Away. Segundo a rtp online, trata-se de uma série de 14 documentários sobre viagens de comboio. A informação é escassa e não consigo perceber se o objectivo é turístico ou cultural ou uma mistura dos dois, só vendo. O episódio de hoje passa-se na Polónia. O comboio parte de Varsória até Auschwitz e, pelo destino, adivinho uma viagem muito dolorosa.
Entretanto, e como gosto de comboios, aconselho uma outra viagem, sonora e quase palpável. A entrada para a gare é por aqui
Já agora, deixamo-vos com o press-release de "Orient Express" elaborado pela distribuidora portuguesa da Winter & Winter (a AnAnAnA) que, como sempre, está excelente:
Ao partir para um novo projecto, Stefan Winter não opera de uma forma muito diferente de, digamos, um cineasta. Há uma ideia vaga sobre um retrato, uma imagem que se insinua em momentos do quotidiano e que reaparece nas altas horas da noite. E com ela vem uma história qualquer que é forçoso conhecer-se. Depois, se tudo correr bem, há um conjunto de coincidências e suficiente informação acumulada em livros para abrir o caminho. Desenha-se um contorno estético e procuram-se cumplicidades cruzando-se férteis terrenos entre as artes. Passam dias, semanas, meses e, às vezes, anos. Por fim, baixam-se as resistências e aceita-se a inevitabilidade da solidão. Por momentos tudo parece ter voltado ao início... a página está em branco e convém violá-la. Stefan Winter pega numa caneta e escreve a curta sinopse do seu novo filme. Agora é o começo de uma outra história...
Orient Express – From Paris to Constantinople
Este ‘diário musical’ conta a viagem do Expresso do Oriente, de Paris a Constantinopla, em Junho de 1905. Os passageiros e seus familiares juntam-se no átrio principal da estação de Paris Est e preparam-se para a partida. Enquanto se trocam despedidas e se marcam reencontros, ecoam por entre o mármore das paredes e o cristal dos lustres as notas de um solitário saxofone em lamento cigano. Já com todos a bordo, uma musette faz as despedidas de Paris. Puccini, Strauss, Bizet, Schubert e Brahms são os companheiros desta viagem até ao extremo sudeste europeu. Mas apesar da familiaridade dos sons, tocados pelo quarteto de cordas e pelo pianista do bar, todos sabem que esta é uma viagem até um mundo diferente.
Franceses, Ingleses, Austríacos, Alemães e Húngaros estão a bordo do comboio. Em Munique são recebidos com marchas por uma banda de metais. O clima descontraído proporciona uma agradável distracção para os passageiros. De novo em marcha, é dada a partida para Viena com a novidade musical do momento, a ‘Habanera’ da recém-estreada ópera de Bizet, Carmen. O seu sucesso chegou a todos os pontos da Europa e a excitação é grande.
Enfim Viena. A mais sumptuosa cidade Europeia está movimentada. Por entre o rebuliço de quem entre e sai ouve-se, ao fundo, o ‘Danúbio Azul’. Viena representa uma luxuosa monarquia, e, até certo ponto, é o ex-líbris de uma certa ideia de Europa que fica para trás à medida que o comboio avança. Ouvem-se agora danças Húngaras, prevendo Budapeste. Vozes búlgaras. Atravessa-se a fronteira da Roménia. Aos poucos, ciganos transformam a sua carruagem num salão de festas. Mas no Bar, uma solitária mulher evoca o seu passado amoroso, pedindo ao pianista para tocar mais Puccini. No meio do campo búlgaro, o comboio pára sem aviso. Há reparações técnicas a fazer. Dos terrenos cultivados vêm cantos de trabalho das camponesas. É tempo de se prolongar a festa com os ciganos a bordo e os habitantes da aldeia mais próxima, curiosos pela paragem do Expresso do Oriente.
Quando a maioria dos passageiros acorda já o comboio se dirige a grande velocidade para Constantinopla. O mundo Ocidental é tudo o que está para trás. Quando o comboio chega à sua derradeira estação tudo é diferente: os sons, os aromas, as cores, as pessoas.
Para desenvolver este projecto, Stefan Winter contou com a preciosa ajuda de Stian Carstensen (o acordeonista norueguês de descendência búlgara, responsável pela revelação de Trifon Trifonov e do coro feminino no já editado «Farmers Market»), Fumio Yasuda (o pianista do recente «Charmed with Verdi») e do polaco Kwartet Prima Vista.