"Then they'll pile up the bodies/And I'll say,/'That'll learn ya!'"*
Era suposto falar sobre o "India Song" mas não posso (recomendamos aos interessados este excelente desvio). À tarde fui a Dogville e esta pequena e odiosa terra não me sai da cabeça. Deixou um lastro que impede qualquer outro post, qualquer outro filme.
Ainda tenho a voz John Hurt nos ouvidos e nos olhos a cena mais bela: Grace deitada na camioneta, no meio das caixas de maçãs, por baixo do pano de lona. Se isto não é poesia?
Foi um suicídio longamente premeditado, pensei, e não um acto espontâneo de desespero.
O Glenn Gould, o nosso amigo e o mais importante virtuoso do piano do século, também só fez 51 anos, pensava eu ao entrar na estalagem. Só que esse não se matou como o Wertheimer mas morreu, como se costuma dizer, de morte natural. Quatro meses e meio em Nova Iorque e sempre, sempre as Variações de Goldberg e A Arte da Fuga, quatro meses e meio de «Klavierexerzitien» como o Glenn Gould dizia repetidamente e sempre só em alemão, pensava eu.
…
Traduzido (a partir do alemão) por Leopoldina Almeida, editado pela Relógio d’Água (sim, a editora que gosta de blogs) e emprestado pela Lídia... Do you want a schnapps, Lídia?
Para a Deda, que nos levou a Chaumont, até André Kertész e ao íntimo prazer de ler:
Os Prazeres da Leitura
No seu leito de moribundo o meu pai lê
As memórias de Casanova.
Eu vejo a noite cair,
Algumas janelas que se iluminam na rua.
Numa delas uma jovem lê
Junto ao vidro.
Há muito tempo que não ergue os olhos,
Mesmo com a escuridão a chegar.
Enquanto ainda há um resto de luz,
Desejo que ela levante a cabeça,
E eu consiga ver-lhe a cara
Que já consigo imaginar,
Mas o livro deve ser intrigante.
Além disso, que silêncio,
Cada vez que volta uma página,
Consigo ouvir o meu pai, que também volta uma,
Como se eles lessem o mesmo livro.
1. O João Lopes regressou à antena 1. Pela manhã ouvi-o falar sobre “India Song”, que estreia hoje em Lisboa. A obra mítica de Marguerite Duras é uma preciosidade, “um objecto fora de tudo, de todas as regras”, diz ele.
Entre objecto bizarro (extravagante, provocador e por aí fora) ou obra-prima, João Lopes escolhe obra-prima. Nós também e vamos provar. Marguerite Duras é a nossa convidada para o fim-de-semana. Aceitamos colaborações.
3. Pour ce qui est d'India Song, la musique de Carlos d'Alessio est encore avec moi, elle m'entoure, m'habite comme à la première minute où j'ai entendu la musique de cet homme, musique du désir qui est l'essence même du film. Je m'en fiche que Sollers trouve ça imbuvable et puis tant mieux en fait qu'il n'aime pas ça, puisqu'India Song n'est pas un film pour être regardé ni aimé, c'est l'envers du cinéma, India Song, c'est tout, sauf du cinéma. Marguerite Duras
Francisco, não podes pôr a india song no ar? Amanhã, como se fosse na rádio?
1.
A sala estava cheia, como já é hábito às quartas-feiras. Distraí-me e não ouvi tudo o que o arquitecto Luís Tavares Pereira disse mas creio que ele não chegou a explicar muito bem porque é que tinha escolhido aqueles dois filmes, o que é que o “one + one” tem a ver com o Peter Eisenman? Hei-de lá chegar…
2.
Seguiu-se o documentário. Apesar de não gostar muito dos edifícios do Eisenman fiquei fascinada com este arquitecto bem humorado e irónico. Logo ao princípio ele pergunta se a função simbólica da arquitectura já passou, se há meios que veiculam melhor a informação, então, o que resta à arquitectura? “Não sei”, disse ele, “não sei, respondam vocês”.
3.
Depois do intervalo, ouvem-se os primeiros acordes de “Sympathy for the devil”. O filme é desconcertante. Por um lado os Rolling Stones a construirem a música, aproximando-se de ritmos cada vez mais corporais, as percusões cada vez melhores, o diabo à solta? Talvez. Do outro, a rua ou melhor, a revolução na rua, ou melhor ainda, a impossibilidade da revolução. Pelo meio, Godard diz-nos que um mais um faz dois e vai adicionando: freudemocracy, cinemarx, sovietcong. A jovem bucólica entrevistada na floresta responde apenas sim ou não, porque o jornalista já diz tudo (a minha cena preferida, tão godardiana). Uma rapariga pinta palavras com um spray onde pode e não deve. O que é que nos resta? O futuro da arte? Da cultura? Uma destrói a outra? A supremacia do poder e da violência?
São muitas perguntas e a sala não está para isto, vai-se esvaziando. Perdem a melhor versão de “sympathy” e a cena na praia com a inocente massacrada a ser içada por uma grua de cinema entre duas bandeiras (uma vermelha e outra preta) e a câmara. Cinema de guerrilha, claro. Ao modo de Godard, sem luz ao fundo da revolução.
Francis Bacon: Because I think it's one of the greatest portraits that has ever been made, and because I became obsessed by it. I buy book after book with this illustration in it of the Velazquez's Pope, because it just haunts me, and it opens up all sorts of feelings and areas of - I was going to say - imagination, even, in me.
Francis Bacon - Study after Velazquez's Portrait of Pope Innocent X (1953) | Velazquez - Pope Innocent X (1650)
"Any poem, novel, play, painting, musical composition worth meeting says to us: "change your life." The voice of intelligible form, of the needs of direct address from which such forms springs, asks:
"What do you feel, what do you think of the possibilities of life, of the alternative shapes of being which are implicit in your experience of me, in our encounter?"
The indiscretion of serious art and literature and music is total.
It queries the last privacies of our existence."
George Steiner - Real Presences (sublinhados meus)
A poesia não me pede propriamente uma especialização pois a sua arte é uma arte do ser. Também não é tempo ou trabalho o que a poesia me pede. Nem me pede uma ciência nem uma estética nem uma teoria. Pede-me antes a inteireza do meu ser, uma consciência mais funda do que a minha inteligência, uma fidelidade mais pura do que aquela que eu posso controlar. Pede-me uma intransigência sem lacuna. Pede-me que arranque da minha vida que se quebra, gasta, corrompe e dilui uma túnica sem costura. Pede-me que viva atenta como uma antena, pede-me que viva sempre, que nunca me esqueça. Pede-me uma obstinação sem tréguas, densa e compacta.
Pois a poesia é a minha explicação com o universo, a minha convivência com as coisas, a minha participação no real, o meu encontro com as vozes e as imagens. Por isso o poema fala não de uma vida ideal mas sim de uma vida concreta: ângulo da janela, ressonância das ruas, das cidades e dos quartos, sombra dos muros, aparição dos rostos, silêncio, distância e brilho das estrelas, respiração da noite, perfume da tília e do orégão.
É esta relação com o universo que define o poema como poema, como obra de criação poética. Quando há apenas relação com uma matéria há apenas artesanato.
É o artesanato que pede especialização, ciência, trabalho, tempo e uma estética. Todo o poeta, todo o artista é artesão de uma linguagem. Mas o artesanato das artes poéticas não nasce de si mesmo, isto é, da relação com uma matéria, como nas artes artesanais. O artesanato das artes poéticas nasce da própria poesia à qual está consubstancialmente unido. Se um poeta diz «obscuro», «amplo», «barco», «pedra», é porque estas palavras nomeiam a sua visão do mundo, a sua ligação com as coisas. Não foram palavras escolhidas esteticamente pela sua beleza, foram escolhidas pela sua realidade, pela sua necessidade, pelo seu poder poético de estabelecer uma aliança. E é da obstinação sem tréguas que a poesia exige que nasce o «obstinado rigor» do poema. O verso é denso, tenso como um arco, exactamente dito, porque os dias foram densos, tensos como arcos, exactamente vividos. O equilíbrio das palavras entre si é o equilíbrio dos momentos entre si.
E no quadro sensível do poema vejo para onde vou, reconheço o meu caminho, o meu reino, a minha vida.
Rafael Alberti pintava, desenhava, escrevia poemas e desenhava para esses poemas. Com o tempo, o alfabeto de Alberti mudou, as letras cresceram, nutriram-se de cores, e poemas e desenhos passaram a habitar uma única realidade indissolúvel.
Foi sempre um homem bonito, mesmo quando envelheceu, e nele a Língua tinha o timbre das guitarras. O que me arrepia sempre em alguma poesia castelhana e muito nesta é o som que certas palavras fazem ao cair. Caem quando as lemos, como se as lançássemos, cada vez que as lemos, sempre que as lemos. Oídos. Ojos. Sangre. Hombres. Ecoam e esse eco é o mundo do poema.
Cantad alto. Oireis que oyen otros oidos.
Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.
Latid alto. Sabreis que palpita otra sangre.
No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo.
encerrado. su canto asciende a más profundo
cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres.
Se clicarem nas imagens podem vê-las num formato maior e descobrir, por exemplo,
que monsieur Hulot está em Coimbra...
Sex. 07 Nov. Lançamento do Livro 18h30
Ao vivo_Rhyme’n’blues Paulo Furtado e António Olaio
Sex. 07 a Dom. 16 Nov Exposição_Pavilhão Centro de Portugal_Coimbra_Todos os dias 11h00_20h00
RAASG-ANÇ-O
SMS:SOS é um conjunto cheio de “contra-imagens”, para utilizar abusivamente a expressão de Eduardo Lourenço.
Temos agora o sabor do nylon rasgado nas nossas bocas, mas para cada um de nós a vida recomeçou.
Concepção e coordenação: Jorge Figueira Colaboração editorial: Patrícia Ferreira Contribuições: Pedro Ganho_Paulo Varela Gomes_Paulo Freire de Almeida_Alberto Martins_António Olaio_Victor Diniz_Catarina Fortuna_Patrícia Almeida_Carlos Antunes_Désirée Pedro_Paulo Furtado_Pedro Dias da Silva_Luis Urbano Arquitectura da Exposição: Atelier do Corvo Grafismo: Ana Menezes e Né Santelmo
Exposição de Fernanda Fragateiro a partir do universo literário de Sophia de Mello Breyner Andresen | 2003-11-07 a 2004-02-01 | Todos os dias das 10h00 às 19h00. Última Entrada às 18h15 | Grande Hall do Centro de Exposições do CCB.
Sob as criptas do Santo Ofício de Saragoça, ao cair de uma noite antiga, o venerando Pedro Arbuez de Espila - sexto prior dos dominicanos de Segóvia, terceiro Grande Inquisidor de Espanha -, seguido de um frade redentor (mestre torturador) e precedido de dois familiares da Inquisição, os quais seguravam duas candeias, descia para um calabouço perdido. Rangeu a fechadura de uma porta maciça; penetraram num mefítico in pace, no qual a janela tapada lá em cima deixava entrever, entre os anéis chumbados à parede, um cavalete negro de sangue, um fogareiro, uma bilha. Sobre uma cama de estrume, tolhido por umas manilhas, de canga de ferro ao pescoço, sentava-se, esgazeado, um homem andrajoso, de idade que se tornara indistinta.
…
posted by Anónimo on 13:49
Sim, confesso, tenho simpatia pelo diabo. Como não ter? Um anjo que caiu em desgraça, um pé em falso, uma pergunta indevida, uma insurreição. Tão pouco e tudo se transforma: caem as asas, cresce uma cauda, muda-se o olhar. Claro que sim, simpatia.
simpatias.f. outrora, afinidade que se supunha existir entre certos corpos; facto de participar nos estados afectivos dos outros, nos seus desgostos ou alegrias; compaixão; acordo ou fusão dos sentimentos; comunhão; atracção natural de uma pessoa por outra, ou por alguma coisa; inclinação; começo do amor (Do gr. sympátheia, «id.», pelo lat. sympathïa-, «id.»)
E o Godard? O que é que ele faz aqui? Não sei mas logo vou descobrir. Em 1968 os Rolling Stones ensaiavam “Sympathy for the devil” num estúdio enquanto a câmara do Godard saía à rua. A música é uma arma? E o cinema? Pode ser político? E o diabo? É um tipo simpático? Do anjo que foi, já nada resta? Um mais um, quanto dá?
> Making Architecture Moving (1998), documentário sobre Peter Eisenman > One + One, de Jean-Luc Godard > apresentados pelo arquitecto Luís Tavares Pereira > em Serralves, às 21h30
Continuamos sem caixas de comentários. Primeiro pensei (com um espírito um bocado cínico, reconheço), será mais ou menos como uma esplanada à beira do mar, sem música?
Depois percebi. É triste como se nessa esplanada não se ouvisse o mar. Sento-me aqui e tenho saudades do regresso das ondas.
A Montanha Mágica tem um novo colaborador que escreve em itálico. Inclinado para coisas tão belas como esta:
Uma Canção Malgaxe
A terra é um palácio que olha para cima
o céu é um palácio que olha para baixo
– Passarei por cima de todas as águas,
em busca da mulher sete vezes tão bela.
E se o rei se diverte com as suas terras todas,
eu divirto-me feliz com as filhas dos homens.
Verso modificado para Português por Herberto Helder
1. The Great Northern Hotel
2. White Tail Falls
3. Black Lake Dam
4. Packard Saw Mill
5. Blue Pine Lodge
6. Twin Peaks Town Hall
7. Owl Cave
8. Glastonberry Grove
9. Railroad Cemetery
10. Old Unguin's Field
segunda-feira, novembro 03, 2003
Explicação necessária
Há certos versos – às vezes poemas inteiros –
que eu próprio não sei o que querem dizer. O que ignoro
retém-me ainda. E tu, tu tens razão em interrogar. Não interrogues.
Já te disse que não sei.
Duas luas paralelas
vindo do mesmo centro. O ruído da água
que cai, no inverno, da goteira a transbordar
ou o ruído de uma gota de água caindo
de uma rosa no jardim, regado há pouco,
devagar, devagarinho, uma tarde de primavera,
como soluço de um pássaro. Não sei
que quer dizer este ruído: contudo, aceito-o
As coisas que sei explico-tas.
Sem negligência.
Mas as outras também acrescentam a nossa vida.
Eu olhava
o seu joelho dobrado, como ela dormia,
levantando o lençol –
não era apenas amor. Este ângulo
era o cume da ternura, e o cheiro
do lençol, a lavado e a primavera, completavam
este inexplicável, que eu procurei,
em vão ainda, explicar-te.
Tremia tanto que o vento a levou
tremia tanto como não a levaria o vento
lá longe
um mar
lá longe
uma ilha ao sol
e as mãos apertando os remos
morrendo no momento em que o porto apareceu
e os olhos fechados
em anémonas do mar.
Tremia tanto tanto
procurei-a tanto tanto
na cisterna com os eucaliptos
na primavera e no verão
em todas as nuas florestas
meu deus procurei-a.
pode o poema permanecer
em círculo água em movimento
e sempre insuficientes as pálpebras
susterem o silêncio?
Há dias abri a caixa do correio e encontrei este livro com poemas da Sandra Costa e fotografias de Paulo Gaspar Ferreira. Dizem-me que mede 6cm x 8cm. Não confirmei e não acredito. Num livro tão pequeno não caberiam quatro poemas tão bonitos e duas fotografias tão grandes...
domingo, novembro 02, 2003 Le Horla & outros duplos
"Le Horla", por Mário Botas
É de ver que a contracapa de um livrinho como este não oferece espaço suficiente para que se aborde a mola real de toda a obra maupassantiana. Refiro-me ao problemo do duplo que, desde a adolescência atormentou o infeliz folgazão, desportista e garanhão que veio ao mundo como se fora uma alma penada («chamo-me Mauvais passant», dizia ele, misteriosamente aos 14 anos…), uma aventesma, uma dessas alucinações que, de tempos a tempos, «vemos sentada na nossa própria cadeira, como se fôssemos nós próprios»; e que, sobretudo, se reflete nos espelhos, sejam um verdadeiro vidro polido, um lago de jardim ou as águas pratedas do Sena… «Quem sou? De onde venho? Para onde vou? – interroga-se Maupassant, e como a imagem restituída pelo espelho não lhe responde (Jean Cocteau, seu admirador, tentará igualmente desvendar esse outro Mundo, anos mais tarde, por via cinematográfica, com Le Sang d’un Poète e Orphée…), evade-se, não apenas no sexo, mas num peregrinar, vagabundear, que o leve para longe de si próprio!… Debalde, – porque o outro não o larga, já que assentou arraiais dentro de si!
Antes de vir a ser quem foi, Maupassant escreveu poemas que, mercê da fama grangeada com Boule de Suif, encontraram – finalmente! – um editor em 1880. O volume tem por título Des Vers, que tanto podem ser versos como Vermes… Não sei. O que se é que, pelo menos dez anos antes de redigir LE HORLA ele escreveu (em boa poesia, claro, e não nesta tradução (?) mal-amanhada):
Passava da meia noite e, de repente, senti medo.
Medo de quê? Não sei, mas era um medo horrível.
Alanceado e trémulo de pavor, compreendi
que ia passar-se em breve uma coisa terrível…
Pareceu-me sentir que, nas minhas costas.
Estava alguém de pé, a rir, imóvel e nervoso!
Porém, eu nada ouvia…. Nada… Oh tortura!
Sentir que me ia passar a mão pela fronte
E apoiar-se-me no ombro… Saber que vou morrer
Se ele assim, friamente, o entender… (…)
O Horla é um trecho que ninguém tem o direito de desconhecer – e é com ansiedade que aguardo um estudo verdadeiramente científico de toda a obra de Maupassant que, no entanto, pode ser lida, saltando-se por cima dele, para conhecer melhor aquele a quem o seu fiel François Tassart, que viveu largos anos ao seu serviço, considerava «um homem supinamente bom, recto e fiel»… que teve apenas a desdita de ser um mau passante por este mundo de Cristo… e de ter Génio).
Jorge Reis, que traduziu “O Horla” (editado pela Difel em 1987)
"Le Horla", assim mesmo, em francês, pode ser lido aqui. É só carregar o documento em formato PDF.
Ainda sobre o duplo, encontrei este texto que compara “O Horla”, de Maupassant com a “Confissão de Lúcio”, de Mário de Sá-Carneiro (também disponível em PDF).
E não resisto a sugerir ainda outro livro. Não tem nada a ver com duplos, trata-se de “Leôncio e Lena”, uma comédia deliciosa de Georg Büchner.
Este link já devia estar há muito nos blogs cá de casa. Foi esquecimento, nós gostamos das Palavras da Tribo, das primeiras, das segundas e de todas as palavras...
posted by Anónimo on 15:28
The Ostriches couldn't have been done if I hadn't been the age I am. A younger woman wouldn't know what it was like; longing for things that are not gone, because they're inside one, but that are inaccessible.