quarta-feira, novembro 05, 2003
Sympathy for the devil
Sim, confesso, tenho simpatia pelo diabo. Como não ter? Um anjo que caiu em desgraça, um pé em falso, uma pergunta indevida, uma insurreição. Tão pouco e tudo se transforma: caem as asas, cresce uma cauda, muda-se o olhar. Claro que sim, simpatia.
simpatias.f. outrora, afinidade que se supunha existir entre certos corpos; facto de participar nos estados afectivos dos outros, nos seus desgostos ou alegrias; compaixão; acordo ou fusão dos sentimentos; comunhão; atracção natural de uma pessoa por outra, ou por alguma coisa; inclinação; começo do amor (Do gr. sympátheia, «id.», pelo lat. sympathïa-, «id.»)
E o Godard? O que é que ele faz aqui? Não sei mas logo vou descobrir. Em 1968 os Rolling Stones ensaiavam “Sympathy for the devil” num estúdio enquanto a câmara do Godard saía à rua. A música é uma arma? E o cinema? Pode ser político? E o diabo? É um tipo simpático? Do anjo que foi, já nada resta? Um mais um, quanto dá?
> Making Architecture Moving (1998), documentário sobre Peter Eisenman > One + One, de Jean-Luc Godard > apresentados pelo arquitecto Luís Tavares Pereira > em Serralves, às 21h30