quinta-feira, dezembro 11, 2003 Martin Parr Self-Portraits
Além dos Love Cubes, outra coisa hilariante na Retrospectiva do Martin Parr, em exposição no Reína Sofia quando visitei Madrid, foi a salinha dos self-portraits. Já me tinha cruzado com algumas dessas fotografias mas não me tinha apercebido da sua razão de ser.
E, não, não, ao contrário do que se possa pensar, Martin Parr não é narcisista e não tem qualquer fetiche com os auto-retratos. O fetiche do Martin Parr são as fotografias encenadas dos estúdios populares. No início da colecção terá conseguido adquirir algumas, em que retratadas eram outras pessoas, mas depressa chocou com o direito à imagem dessas pessoas e compreendeu que a única forma de conseguir o maior número possível de fotografias era deixar-se retratar a si mesmo.
E assim se expandiram os seus registos à fotografia que as pessoas comuns têm em casa. A ideia, como todas as grandes ideias, é um ovo de colombo. E o resultado é espantoso. Já se deve ter dito na Janela mas é bom e justo repetir sempre que o vento está de feição: Martin Parr não é um excelente fotógrafo - Martin Parr é um génio. Self-portraits, de todos os seus trabalhos, é talvez aquele que melhor o demonstra e confirma. Para deleite dos admiradores e ranger de dentes dos que o detestam, fica no Boogie uma amostra. Na Magnum há mais. E no livro está tudo (este é, definitivamente, um daqueles livros de fotografia que temos de ter em casa).