De Karajan é costume a minha memória saltar quase imediatamente para outro maestro, o meu: Sir Georg Solti. Até aos dez anos eu ouvia música num gira-discos que pertenceu ao meu pai na adolescência e, além dos discos da minha colecção infantil, era-me permitido manusear apenas singles descartáveis cujo estrago seria indiferente. Quando fiz dez anos, os meus pais acharam que eu já era suficientemente responsável para poder passar a usar a aparelhagem deles e ouvir, sozinha, os discos deles. Começaram as descobertas. Um dia, aconteceu-me Beethoven, a 5ª Sinfonia. O mundo cresceu nesses minutos, tornou-se assombroso. Percebi que se podia viver e morrer na música, várias vezes, nenhuma delas definitiva. Sir Georg Solti dirigia a Orquestra Sinfónica de Chicago.