quinta-feira, maio 13, 2004
La Mala Educación
[...]Há algo, nesta desmultiplicação, de distorção cubista, mas Almodóvar não deixa que o espectador se perca no labirinto. Sobretudo por causa do jogo de olhares (puro cinema) que atravessa, penetrante, os vários níveis narrativos, em direcção à danação final.
Há um rosto único, finalmente, para todas as caras: o rosto da paixão devoradora, que se não redime os pecados, porque até está na origem de um crime, é o denominador comum entre vítimas e carrascos. É como se fosse um gesto de vida. E é a paixão que inverte posições - o mesmo padre violentador da Espanha franquista, surge, na Espanha da movida, como vítima do seu próprio desejo. Por esta razão, Almodóvar recusa qualquer propósito "anti-clerical" no filme ou que isso seja aproveitado como chamariz. Diz com ironia: "A Igreja não precisa de nenhum ataque porque a Igreja é a pior inimiga de si própria, degrada-se de cada vez que faz uma afirmação pública." [...] Vasco Câmara © Público.pt
posted by camponesa pragmática on 10:56
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