Já encontrei a minha. É uma laranjeira de um quintal vizinho. Vejo-a pela janela das traseiras. Ao fim da tarde, quando o céu está limpo e a pôr-se escuro há um instante em que as laranjas parecem luzes.
A Laranjeira tradução do poema de Abensara de Santarém (séc. XII)
De novo a laranjeira – olhai! – traz ante nós os frutos,
quais lágrimas vertidas
nos tormentos do amor
e de vermelho coloridas
Nos ramos de topázio
vede como as rútilas esferas
em ágata moldadas ficam expostas às suaves mãos do zéfiro
que têm martelinhos para uma a uma as percutir
E nós
ora as beijamos
ora nelas os aromas aspiramos
e assim elas parecem faces de donzela ou perfumados pomos