segunda-feira, dezembro 15, 2003
Por todos os poemas que ele nos dá, aqui fica Joan Salvat-Papasseit, traduzido por Pedro Silveira
Natal
Sinto o frio da noite
e o som escuro da ronca.
Também o rancho de homens novos que agora passa cantando.
Sinto o carro da hortaliça
que vai batendo o empedrado
e os outros que também vão, todos direitos ao mercado.
Os da casa
na cozinha
junto do braseiro que arde,
com o gás bem esperto já prepararam o galo.
Agora olho para a Lua, que me parece lua-cheia;
e eles recolhem as penas,
e já suspiram por amanhã.
Amanhã sentados à mesa esqueceremos os pobres
— e tão pobres que somos —.
Jesus já terá nascido.
Olhará um momento para nós à hora das sobremesas
e depois de olhar-nos
romperá a chorar.