sábado, dezembro 13, 2003 perseguimos qualquer coisa
Andrei Rublev, The Old Testament Trinity, Detail, c. 1410s, 142 x 114 c, The Tretyakov Gallery, Moscow, Russia.
Andrei Rublev, Archangel Michael, Detail, c. 1420s, Tempera on wood, 158 x 108 cm. The Tretyakov Gallery, Moscow, Russia.
E o nome da estrela é Absinto; apetece-me encher os bolsos do casaco de folhas, as folhas das árvores que têm todas as cores de que fala Kandinsky, o amarelo e o azul, o quente e o frio, o terrestre e o celestial, e atravessar o rio mais uma vez, ver os nenúfares de Monet, e as íris, e as catedrais, e aquela solitária meda de feno, e a noite estrelada de Van Gogh, e as telas de Mondrian, caminhar nas ruas e respirar fundo, ler um poema de Rilke junto ao Sena, como Charlie Parker abria o seu livrinho muito velho e anotado e lia um poema de Dylan Thomas, continuamos a perseguir qualquer coisa que não sabemos o que é, mas não fugimos, é isso que os outros não compreendem, não fugimos, perseguimos sempre, mesmo depois de mortos, perseguimos qualquer coisa que talvez nem exista, mas pelo menos estamos a fazê-lo em Paris.