Queria criar um filme que fosse um documentário baseado na ficção, com locais e personagens originais - as pessoas de Ozora - mas a própria história é uma ficção, do início ao fim. Basicamente, o filme é um jogo ao estilo de um filme no qual, por detrás de paisagens e imagens idílicas se enconde uma história, como com as personagens retratadas em quadros de séculos passado; frequentemente é preciso virar as imagens do avesso para se encontrar aquilo que se procura.
Por isso, para mim é importante o modo como é contada a história principal, nomeadamente a forma como o segredo emerge a partir de uma série de cenas aparentemente independentes; como as imagens de banalidades quotidianas se podem tornar elementos coerentes numa história de homicídios.
Considero que os mais importantes elementos de organização do filme são o ritmo, os diferentes ruídos e vozes que surgem em vez das palavras e frases proferidas em situações concretas, e que, juntos com estas geram uma estranha mistura, uma espécie de "sinfonia de barulhos". De pequenos ruídos surgem micro-histórias que, comparadas com as palavras ditas apontam exactamente para a única verdadeira história, a da tragédia humana que se esconde por detrás da paz. György Pálfi