Faz-me uma certa confusão a profusão de museus, centros culturais e auditórios que surgem um pouco por todo o lado com inaugurações faustosas mas que, passado o entusiasmo inicial, envelhecem prematuramente quase sem actividade que justifique a sua existência. Há um desfazamento entre a grande vontade de construir (por parte do estado e das autarquias) e a falta de vontade de programar eventos culturais.
Lembro-me que quando comecei a visitar Vila Nova de Famalicão para ver as exposições dos Encontros de Fotografia (de Braga), fiquei admirada com o número de salas existentes na cidade.
Para além da Casa de Camilo, em Ceide, existem no centro: a Biblioteca Camilo Castelo Branco, o Museu Têxtil, o Museu Bernardino Machado, o Museu do Surrealismo, a Fundação Cupertino de Miranda e a Casa das Artes. Isto tudo num perímetro reduzido. O certo é que não conseguia encontrar o Museu Bernardino Machado, ninguém sabia onde era, apontavam para a Fundação Cupertino ou então encolhiam os ombros. Depois percebi porquê: o Museu é apenas uma casa discreta e ainda mais estranho é o Museu do Surrealismo. Só com muita boa vontade e alguma cegueira é que se pode dizer que são Museus.
…e a excepção
A Casa das Artes parece ser uma boa excepção. Tem uma programação que tem vindo a crescer e divulga-a, o que é muito importante. Leio amiúde nos jornais o que se passa lá e noutro dia veio parar-me às mãos um folheto com os eventos programados para Junho. Vai haver cinema, teatro e música, como podem ver aqui.
Amanhã, por exemplo, integrado nas Noites do Cineclube passa o belíssimo Senso, de Luchino Visconti e fiquei cheia de vontade de ir a Famalicão.