segunda-feira, junho 16, 2003 Quanta bondade! ou
Para que é que serve a Feira do Livro? - IV
Sábado à noite, depois de me ter desgraçado completamente, aproximei-me da tenda da Teorema, a murmurar coisas absurdas - exs.: a Teorema não tem nada de jeito, Jorge Luís Borges nunca existiu, a Teorema nunca existiu, a Feira do Livro já acabou, eu não existo etc - numa tentativa desesperada de conter os gastos. Qual cereja no topo do bolo (ou como aquela pequena, inofensiva e insuspeita pastilha de menta que, no Monty Python‘s Meaning of Life, e após uma refeição brutalmente substancial, faz rebentar um homem), dei outra vez com isto:
Esta é a capa argentina. A portuguesa, da Teorema, é verde. O livro marchou, evidentemente. Não por estar na Feira mas porque já não era a primeira vez que nos encontrávamos e não o trazer comigo começava a parecer uma atroz e insuportável tortura. De regresso a casa, o livrinho acabou num instante. É o mesmo Quino de sempre que, por ser o mesmo Quino de sempre, faz sempre falta. Um pouco como o mar no Verão e as castanhas no Outono. A diferença deste livro é que, nele, Deus e o Diabo (que agora assinaram um tratado de paz), bem como os respectivos fiéis, estão já ligados à internet e completamente subjugados pelo advento universal do telemóvel, não deixando por isso de ter fé suficiente para fazer, uns, e ver, outros, os grandes milagres do mundo.
Só é pena a página do Quino, onde fui há pouco (procurar a capa portuguesa, que não estava), abrir agora com esta advertência:
Deseo aclarar vehementemente que un texto titulado "La Vida Según Quino" que navega en internet no solo no está escrito por mi sino que me molesta profundamente que alguien pueda creer que soy el autor.
Siempre he expresado mis ideas a través del dibujo y jamás escribo textos sin ilustrarlos.
Me indigna que alguien haya usurpado mi nombre para proponer sus ideas. y si encima esas ideas son tan ñoñas y necias mucho más aún.
Agradeceré a todos la difusión de esta aclaración.
QUINO
Não sabia que “a coisa” tinha também chegado a Quino. Não foi difícil encontrar o texto. Na página que linkei deram-se ao trabalho de imitar o estilo da página oficial. A Feira do Livro, além da desgraça financeira do costume, serve também para saber que este tipo de fraude continua. Quantos textos destes já terá dado à luz a internet?
posted by camponesa pragmática on 17:25