sábado, junho 07, 2003
Aqui a vida é uma poeira arrastando.
As lanças deixam ficar por toda a parte
alguma coisa do seu calor
mesmo se o nevoeiro envolve o corpo.
Suporto o sol a trajectória do tiro
o agasalho farrapo onde embalo a noite
do acampamento
é o próprio frio desdobrando a mesquinha
morte. Morte chega aos olhos a tua cor
e apaga-os.
Os ratos. Os ratos brancos e cegos de
Mafra estão aqui nestes corredores e
nestas pedras. Carregado de poeira
aqui a vida todos a trazem à altura do
coração e a perdem nos caminhos e dizem
aos vossos destinos
mas o destino aqui não se lê nem escreve.
Histórias de coragem e expiação
contadas almas que cumpriram o tempo do
medo comum a paz impraticável ou o verso.
João Miguel Fernandes Jorge, À beira do mar de Junho