Ontem passei parte do dia no Museu Nacional de Arte Antiga. Há muito já não faço as visitas completas, limitando-me, antes e depois de passar algumas horas no jardim, a ir ver os quadros e as peças de que gosto mais, se nenhuma exposição temporária me aliciar.
Na colecção de cerâmica, há um expositor onde, entre outros objectos, se exibem três paliteiros do século XIX, em faiança colorida. É um dos momentos altos das minhas visitas ao museu. Têm aproximadamente 10 cm de altura e são bojudos. Dois representam duas senhoras com vestidos amarelos, lado a lado, e o terceiro representa um homem.
São grotescos e garridos. Dar a volta ao expositor é um êxtase sempre renovado: cada boneco tem nas costas uns dez buracos grosseiros, de 2 ou 3 milímetros de diâmetro: são os suportes dos palitos. Se não visse não acreditaria.
Gostaria muito de trazer um daqueles bonecos para casa, para horrorizar os amigos nos jantares, mas a loja do museu só disponibiliza, para venda, réplicas das garrafas de vinho daquela colecção (bonecos mais altos, igualmente garridos e grotescos, cujos chapéus saltam revelando o gargalo... também são qualquer coisa, mas não chegam aos calcanhares dos mártires paliteiros). É uma pena.
posted by camponesa pragmática on 16:07