O rio Oder não apenas separa Frankfurt de Slubice...
Já esteve para acontecer numa sessão a meio da tarde do cinema Charlot; a sala enorme, vazia para o "Flirt" de Hal Hartley. Depois, umas quantas vezes ao fim da tarde no Passos Manuel; até para ver a bela "Atalante" de Jean Vigo erámos tão poucos. Ontem na Casa das Artes só estava o projeccionista, o segurança e eu. Entrei na sala, apagaram as luzes e o filme começou. Passados alguns minutos entrou uma rapariga e depois mais duas. Em toda a cidade, quatro pessoas para ver "Luzes Distantes", de Hans-Christian Schmid. É triste ver uma sala de cinema tão abandonada e esquecida.
O filme está integrado num pequeno ciclo de cinema alemão contemporâneo, organizado pelo Goethe Institut (em colaboração com o Fila K cineclube), que começou no início da semana e não teve qualquer divulgação. Na sala apenas um cartaz com o horário e os nomes das películas, nem um papelinho para nos dizer quem são os realizadores, sobre o que é o filme, nada. Só fui ver porque ao ler o caderno local do Público reconheci o título. Repete dia 24 às 17h45 e às 21h45 e a entrada é gratuita.
É um filme melancólico e rude (lembrou-me um pouco a extraordinária "Rosetta" dos irmãos Dardenne), rodado quase como um documentário. Não é só sobre aqueles refugiados ucranianos, é sobre nós.