A Assírio & Alvim ainda vai provocar a minha ruína. Depois de mais um Thomas Bernhard e "Uma Coisa em Forma de Assim" de Alexandre O'Neill, soube ontem que a editora se prepara para lançar dois livros de Blaise Cendrars e, sim, pasmem: a primeira antologia poética de Eugenio Montale.
Um dia não muito longe
assistiremos à colisão
dos planetas e o céu diamantado
acabará submerso em escombros.
Então colheremos flores rutilantes
e estrelas de néon.
Olha, eis o sinal, um fogo
acende-se no céu, chocam-se
Júpiter e Órion e no terrível
estampido onde acabou o homem?
Certo que basta um sopro neste mundo
em que vivemos para que ele acabe.
Ficará talvez um grito, o da
terra que não quer perecer.
poema de Eugenio Montale publicado na revista "Palavra", Editora da Palavra - Belo Horizonte (MG), ano 1, nº 7, Outubro/1999, tradução de Ivo Barroso