Verlaine e os Television num 'anfiteatro' relvado, no meio de ciprestes e outros de que não me lembro o nome.
Idades dos 30 para cima, não há tribos facilmente identificáveis. Pequenos grupos de amigos; barrigas, ainda jovens carecas, reencontros, garrafas de água e latas de cerveja. Quase todos parecem ter seguido as suas vidas, desvinculados dos rebanhos da (in)segurança da pobridade. Bom ambiente, portanto.
Quase duas horas de guitarras e palavras, mais guitarras do que palavras. Abençoadas as criaturas que não seduzem a audiência com 'Boas-Noites, Porto' ou 'Gostamos muito de estar aqui - say-yeaaah-yeahhh!'. Verlaine não é moço para coisas dessas; portou-se bem, o máximo a que chegou em comunicação directa foram seis ou sete thank yous e outros tantos meios sorrisos. Transmite a sensação de já não se lembrar daquilo ou mesmo de nem sequer levar a(s) sua(s) história(s) muito a sério, como se sempre ou já tivesse percebido que a música serve para lhe (e, se possível, nos) dar prazer e que, mudar o mundo ou um bairro com ela, está fora de questão, pode mesmo ser uma chatice.
Concerto sempre em crescendo, dois ou três temas em "rehearsal kind", muito espaço-tempo preenchido com 'frases' e riffs repetidos com pequenas variações, sempre a subir, à moda de uns Crazy Horse menos exuberantes ou de um Reed qualquer. Secção rítmica só eficaz. A liberdade a que as guitarras se permitem dá para afinações, no meio dos solos. E ficam lá bem.
Punk-rock, felizmente, nem o cheirei; mas um ouvido bem intencionado poderia tê-lo feito.
No final, diálogos sónicos cada vez mais longos, uma corda acidentalmente partida e várias propositadamente arrancadas; sem pose, sem qualquer sombra de tiques de herói; só para ver que som aparece.
O concerto acaba, as pessoas saem, ponto final. Uma cerveja a ver o mar, sff.