- Bem, ouvi falar de uma rapariga. Dezoito anos. Estudante em Yassar. Paga-se um tanto e ela vem discutir um tema qualquer... Proust, Yeats, antropologia. Troca de ideias. Está a ver a ideia?
- Nem por isso.
- Ou seja, a minha mulher é óptima, não me interprete mal. Mas não discute Pound comigo. Ou Eliot. Não sabia isso quando me casei com ela. Preciso de uma mulher que seja mentalmente estimulante, uma relação... quero uma experiência intelectual rápida, depois quero que a rapariga se vá embora. Que raio, Kaiser, sou casado e sou feliz.
- Há quanto tempo é que isto dura?
- Seis meses. Sempre que sinto desejo, ligo à Flossie. É uma Madame, com mestrado em Literatura Comparada. E ela manda-me uma intelectual, percebe?
(...)
- Agora, ela ameaçou contar à minha mulher - disse ele.
- Quem?
- A Flossie. Puseram o quarto do motel sob escuta. Têm fitas gravadas em que eu discuto The Waste Land e Styles of Radical Will e, bem, chegando a uma discussão profunda. Querem dez mil, ou vão falar à Carla. Kaiser, tem de me ajudar! A Carla morria se soubesse que não me excitava cá em cima.
inA Puta de Mensa, Woody Allen
[O título do conto brinca com a Sociedade Mensa, fundada em Inglaterra em 1946 por Roland Berrill e Lance Ware. Mensa é uma sociedade para os muitíssimo inteligentes, sendo único requisito para admissão um quociente de inteligência que se situe nos 2% do topo.]