O melhor que os meus planos têm é que podem ser alterados de um momento para o outro. Ontem de manhã as nuvens do São João pareceram-me demasiado escuras e densas, desisti de Viana, troquei o norte pelo sul e resolvi apanhar um navio, há muito tempo adiado.
Deixei o carro na garagem e desci Pinto Bessa. Primeira etapa: Campanhã.
A estação está em grandes remodelações e os comboios que fazem o serviço suburbano do Porto são novos, espaçosos e frescos (pelo menos num feriado sem horas de ponta). A viagem para Aveiro demora uma hora e custa apenas um euro e setenta e cinco cêntimos.
O Navio de Espelhos está mesmo "colado" ao renovado Teatro Aveirense. À primeira vista a livraria parece apetecível, à segunda torna-se viciante. Percorri com minúcia as prateleiras e posso garantir que a escolha de livros é excelente. Se quissesse listar tudo de atraente que vi não chegava o blog. Resumindo muito, digamos que têm uma excelente secção de poesia, que as pequenas editoras estão bem representadas e que encontrei por lá a maior parte dos meus escritores preferidos. Infelizmente e devido a grandes restrições económicas a que me obriguei nos últimos tempos, escolhi apenas um dos portáteis Livrinhos de Teatro ("O Nosso hóspede" e "A Saque" de Joe Orton), editado pelos Artistas Unidos e uma pérolazinha negra que descortinei na ficção, letra "R": "Jack o Estripador" de Robert Desnos, editado pela & etc em 2001.
Para além dos livros, O Navio de Espelhos oferece ainda alguns filmes e música (com destaque melómano para o catálogo da Alpha) e promove diversas actividades extra curriculares: leitura de contos infantis, pequenos concertos, exposições de fotografia ou lançamento de livros. O horário é bastante convidativo (abrem de terça a domingo das 10h00 às 24h00 e encerram à segunda), assim como os sofás e mesas espalhados pela sala. Todas estas informações estão disponíveis no site da livraria (www.onaviodeespelhos.com).
Nota:
Só hoje percebi que às custas de tanto passear, perdi um lápis, o que é estranho, sempre pensei que a primeira regra do "sistema do lápis" era passear. Foi a neve que faltou? Enganei-me no percurso? E tu, António, porque é que não mandaste um telegrama, vinha no pendular, chegava a tempo...