Sempre que esta pergunta se coloca logo uma outra chega: poderá a fotografia dar a ver a espessura de um rosto, o seu acontecer?
No cinema, por exemplo, há momentos sublimes em que o rosto se dá a ver. Dreyer demonstrou-o nesse momento em que Joanna D'Arc, os cabelos cortados pelos seus esbirros, parece entregue a uma força que se coloca fora do próprio filme, num transe em que se casam esperança e desespero, glória e derrota. Ponto admirável em que o rosto da actriz exprime um inexprimível que transcende toda a fotogenia. O rosto resiste a todas as forças exteriores e contrai-se numa expressão que, sendo silenciosa, tem a força interior de um grito.