Pai e Filho de Alexander Sokurov é o segundo filme dedicado a uma trilogia dedicada a estudar as relações humanas. Como no primeiro tomo desta trilogia, Mãe e Filho, o realizador trata o seu assunto como uma parábola que não tem início nem fim, colando as referências temporais e topográficas. O espectador é livre para se perder no tempo do filme e nas suas paisagens.
Que é o que acontece ao filho na sequência do sonho onde ele aparece pequeno como um dedo numa floresta ao mesmo tempo estranha e familiar. Um soldado num uniforme contemporâneo aparece rodeado de mulheres vestidas e penteadas como os anos 40, 50, 60,... As ruelas de uma velha cidade do Norte aparecem sob um sol de chumbo meridional. A história cria desta forma uma espécie de paisagem colectiva. E o filme evolui quase imperceptivelmente através de uma série de interiores comuns, pouco caracterizados: uma mesa, uma cama, flores, os sinais de habitação humana têm lugar de símbolos.
Um filho sem mãe alimentou-se por completo do amor do seu pai, desde o berço e o lar até à escola e ao começo da vida. Agora, está à espera de uma vida de jovem independente que o leve para horizontes longínquos. A namorada deixou-o. Ele está destroçado entre o seu fascínio pelo passado do pai e a experiência de um amor infeliz. Nada se resolve. É então que as preocupações do filho invadem o universo do pai, fazendo explodir o seu casulo. O pai e o filho vão viver cada um para seu lado mas vão encontrar-se no futuro.
Sokurov está actualmente a trabalhar no próximo filme: Dois Irmãos e uma Irmã, último tomo do seu tríptico.