A característica mais bela do jardim sagrado é uma particular variedade de cerejeiras rubras, com os ramos pendentes. Não existe outra flor que melhor possa simbolizar a primavera de Kyoto.
Assim que entrou no Parque, Chieko sentiu até ao fundo do seu coração o esplendor de tanta florescência. Contemplou longamente as cerejeiras e agradeceu-lhes por ter descoberto através delas, mais uma vez, a Primavera de Kyoto.
[…]
Ainda não passara meia hora quando Takichiro Sata, de automóvel, parou em frente da loja de Sosuke. Tinha os olhos luminosos. Abriu bruscamente uma pasta e mostrou alguns desenhos:
— Vim aqui para lhe pedir um favor.
— Eh! — e Sosuke fixou Takichiro com o rabo do olho. — É para um obi, claro? Demasiado moderno e expressivo para si. Enquanto está recolhido no Amadera…
— Outra vez? — riu Takichiro. — É para a minha filha!
— Oh! Quando ela o vir ficará surpreendida. Mas antes de mais nada: ela vestirá um obi destes?
— Ela ofereceu-me dois livros com obras de Klee.
— Klee?
— É o percursor do abstraccionismo. Delicado, digno, fantasioso, agrada a um velho japonês como eu. Em Amadera olhei e tornei a olhar para as suas obras, e depois diz este desenho. Completamente diferente dos temas clássicos japoneses, não é?
— Isso é verdade.
— Vamos lá a ver o que sai daí quando for tecido — disse Takichiro, ainda excitado.
Sosuke ficou a olhar durante algum tempo o desenho de Takichio.
— Belo, verdadeiramente belo na disposição das cores… E de uma modernidade que em relação a si é estranha, embora não seja nada vistoso. Vai ser difícil tecê-lo. Bem, tentaremos. Vamos considerar o amor de sua filha por si, e o seu por ela.