Afinal há Mattotti a cores em português: Doutor Jekyll & Mister Hyde, de Mattotti & Kramsky, Witloof edições, 2002.
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Todas as artes têm as suas fórmulas, e um desenhador experimentado sabe sempre como abordar uma determinada cena, com jogos de planos gerais e grandes planos, campos e contracampos. Em Mattotti, vivemos numa espécie de sobressalto permanente, porque nunca sabemos o que pode acontecer na próxima vinheta: uma sombra contra uma parede?, um olho ao virar de uma esquina?, metade do arco-íris numa calçada? É a imaginação à solta.
Em Doutor Jekyll & Mister Hyde, Mattotti está no seu meio. Numa história que assenta como uma luva ao expressionismo alemão dos anos 20, com o doutor Jekyll a desdobrar a sua personalidade e a acabar refém da metade maligna que há em si, onde Bacon é uma referência evidente, o autor italiano aproveita para explorar a esquizofrenia através da magia dos seus quadros-vinhetas. A um passo da pintura, a um dedo da BD.