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sexta-feira, março 12, 2004  

Teatro de Sabbath



Cama dela.
Duas simples palavras dissilábicas ambas e tão antigas como o Inglês, e contudo o seu poder sobre Sabbath não era nada menos do que tirânico. Com que tenacidade se agarra á vida! À juventude! Ao prazer! Aos tesões! À roupa interior de Deborah! E no entanto estivera o tempo todo a olhar do alto do décimo oitavo andar, para a mancha verde do parque e a pensar que chegara o momento de saltar. Mishima. Rothko. Hemingway. Berryman. Koestler. Pavese. Kosinski. Arshile Gorky. Primo Levi. Hart Crane. Walter Benjamin. Um grupo ímpar. Não havia nada de desonroso em assinar aquela lista. Faulkner praticamente matara-se com os copos. Assim como (dizia Roseanna, uma autoridade agora no que tocava a ilustres mortos que poderiam estar vivos se tivessem «partilhado» nos AA) Ava Gardner. Abençoada Ava. Não havia muito a respeito de homens que pudesse surpreender Ava. Elegância e degradação imaculadamente interligadas. Morta aos sessenta e dois anos, dois anos mais nova do que eu. Ava, Yvonne de Carlo: estas são os modelos a seguir! Que se fodam as ideologias louváveis. Superficiais, superficiais, superficiais! Basta de ler e reler Um Quarto que Seja Seu, comprem As Obras Completas de Ava Gardner. V. Woolf, uma virgem lésbica de meter o dedo e beliscar, com uma vida erótica constituída por um aparte de lascívia e nove partes de medo — um arremdeo inglês excessivamente apurado de um Borzoi, facilmente superior, como só os ingleses sabem ser, a todos os seus inferiores, que nunca se despiu em toda a sua vida. Mas uma suicida, não se esqueçam. A lista torna-se mais estimulante de ano para ano. Eu seria o primeiro fantocheiro.
A lei da vida: instabilidade. Para cada pensamento um contrapensamento, para cada anseio um contra-anseio. Não admira que um tipo dê em maluco e morra ou decida desaparecer. Anseios a mais, e isso não é sequer um décimo da história. Sem amante, sem mulher, sem profissão, sem casa e sem cheta, rouba as calcinhas-biquíni de uma nulidade de dezanove anos e, cavalgando uma onda de adrenalina, mete-as na algibeira como garantia — estas calcinhas são exactamente aquilo de que precisa. O cérebro de mais ninguém trabalha assim? Não acredito. Isto é envelhecimento puro e simples, a hilaridade autodestruidora da última montanha-russa. Sabbath encontra o seu igual: a vida. O fantoche és tu. O truão grotesto és tu. Tu és Punch, artolas, o fantoche que brinca com tabus!

Teatro de Sabbath | Philip Roth | Tradução de Fernanda Pinto Rodrigues | Publicações Dom Quixote (2000) | páginas 176/177


posted by Anónimo on 23:12


 
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