F.B.—Penso que tendo a destruir os melhores quadros, ou aqueles que foram os melhores até uma certa dimensão. Experimento e tento levá-los mais longe, e eles perdem todas as suas qualidades, e perdem tudo. Penso que posso dizer que tendo a destruir todos os meus melhores quadros.
D.S.— Nunca consegue retroceder quando o processo tende a ultrapassar o topo?
F.B.— Agora não, e cada vez menos. Como o modo como trabalho é totalmente acidental, e torna-se cada vez mais e mais acidental, e não parece ser de outro modo que não seja acidental, como posso recriar um acidente? É uma coisa praticamente impossível de se fazer.
(....)
D.S.— Já tínhamos falado da roleta e da sensação que se tem na mesa em que cada um está como que sintonizado com a roda e não pode fazer nada errado. Como é que isto se relaciona com o processo da pintura?
F.B.— Bem, tenho a certeza que existe uma forte relação. Afinal de contas, foi Picasso quem disse uma vez: “Não preciso de jogos de azar, estou sempre a lidar com eles”.
in David Sykvester, Interviews with Francis Bacon (1975).