quinta-feira, fevereiro 19, 2004
Peço desculpa a todos os que estão fechados desde manhã a trabalhar mas é irresistível. Hoje o mar na Foz está mais ou menos assim. Com estas cores fortes e ondas suaves. O vento que soprava de manhã cedo amainou. Nem uma nuvem no céu. As esplanadas não têm música e só andam por lá os que não têm nada que fazer: reformados, estudantes, desempregados e outros ociosos. Tudo sereno. Claro que a vida não é assim tão morna ou primaveril por isso, e seguindo a lei das compensações, equilibrei o excesso de optimismo metereológico com um terço da vida depravada e arrebatadora de Sabbath. O ajuste perfeito.
O trajecto era interminável. Teria deixado escapar uma volta na estrada ou a próxima morada seria aquilo mesmo: um caixão que conduzíamos pelas trevas sem espaço, contando e recontando os eventos incontroláveis que nos levaram a transformarmo-nos em alguém imprevisto. E tão depressa! Tão rapidamente! Tudo fica para trás, a começar por quem somos, e a certa altura indefinível acabamos por compreender parcialmente que o implacável antagonista somos nós mesmos.