contei hoje mil pessoas passando sob a janela. iam todas envergando fatos de cores garridas e cantavam e berravam felizes os desagrados da vida.
amanhã, novo dia, saberei sem certeza que esses desagrados são a própria vida de cada berrador e, meu deus, como será triste esse andor de anos interrompido por um dia a cada translação do planeta.
hoje, fico contente por saber que talvez tenhas passado sob a minha janela novamente, como antes fazias ainda vivente. ter-te-ás escondido atrás duma dessas máscaras elaboradas, dignas de um senhor e para puro sofrimento: auto-flagelação, como para a celebração pascal.
quando me vires de lenço negro numa mão e a outra agarrada ao varandim, coberto por uma manta carmim, poderás gritar acudam.