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Janela Indiscreta
 
terça-feira, fevereiro 24, 2004  

a ilha de knopfli

Há esquecimentos que nos doem. Quase como se o desprezo nos fosse dirigido. Sim, e de certa forma é.
O Rui Knopfli é um dos maiores poetas da língua portuguesa do século que passou. Brilha lá em cima, nesse céu de palavras protector onde estão Pessoa, Belo, Drummond ou Melo Neto. O que há, como diria o Campos, é pouca gente a dar por isso. E é pena, porque por Knopfli passa não apenas alguma da melhor poesia em língua portuguesa, mas porque passa também um momento da história de um país, ou melhor, de dois países: passa a melancolia profunda de um império de que já só restam os pregos do caixão ou as sementes secas das casuarinas; mas passa igualmente a identidade e o futuro de um país que ainda não sabe o nome.


NATURALIDADE

Europeu, me dizem.
Eivam-me de literatura e doutrina
europeias
e europeu me chamam.

Não sei se o que escrevo tem a raiz de algum
pensamento europeu.
É provável... Não. É certo,
mas africano sou.
Pulsa-me o coração ao ritmo dolente
desta luz e deste quebranto.
Trago no coração uma amplidão
de coordenadas geográficas e mar Índico.
Rosas não me dizem nada,
caso-me mais à agrura das micaias
e ao silêncio longo e roxo das tardes
com gritos de aves estranhas.

Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.



PROPOSIÇÃO

Falo de outro país singular,
do perfume aloirado
e desse sabor a pão matinal.

Falo, na distância,
de distâncias quietas
recortadas no zumbido oloroso
de casuarinas azuis.

Falo de paisagens tenras
e sombrias, simétricas,
como parques e losangos.

Trago notícias de outro clima
pairando em luz e pólen,
em suaves ardências de especiaria.

Falo de outras vozes estranhas,
de murmúrios e ruídos indiscerníveis,
dos pequenos ardis do silêncio.

Falo de corpos ágeis
e elegantes como gráficos
que se armam sem impaciência.

Falo de um céu onde estrelas
serenas navegam presságios
e do refúgio em uma outra
dimensão inusitada.

Falo da beleza das coisas
simples e elementares:
a água, o pão e o vinho.

Iludindo o espanto de viver
falo de estar vivo
e desse outro inventado país,

singularmente habitado, fora
da possibilidade de habitação.



ILHA DOURADA

A fortaleza mergulha no mar
os cansados flancos
e sonha com impossíveis
naves moiras.
Tudo o mais são ruas prisioneiras
e casas velhas a mirar o tédio.
As gentes calam na voz
uma vontade antiga de lágrimas
e um riquexó de sono
desce a Travessa da Amizade.
Em pleno dia claro
vejo-te adormecer na distância,
Ilha de Moçambique,
e faço-te estes versos
de sal e esquecimento.


posted by Anónimo on 03:09


 
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