Acordo muito bem disposto. É tarde e a casa parece deserta. Dormi demais, enrolado numa manta de cores excessivas. Uma mulher aproxima-se de mim. Os lábios dela são rouge absolu e pelo modo como se debruça parece querer beijar-me. Ora eu não beijo mulheres desconhecidas e nunca assim paramentadas. Senhora, digo-lhe, guardai os vossos beijos. O meu punhal nunca se levantará contra a Branca de Neve. Mas depois de bem acordado facilmente percebo que ela é afinal uma mulher afável e não incita a nenhuma violência reconhecível: Apenas quero que fales, não vão as tuas parcas palavras dizer demasiado. Isso eu percebo. Devo ser mais loquaz, até se perceber que não tenho quase nada a dizer. Aqui está uma coisa que posso fazer. Falarei, no meu sítio, que eu já não devia estar aqui. Espalharei palavras vãs, prometo. Ela senta-se à mesa de um branching memorável e como me parece conhecê-la há muito posso beijá-la antes de sair.
posted by Anónimo on 17:37