Nesta casa vi céus de todas as cores existentes, tonalidades infinitas, céus todos os dias diferentes. Durante cinco anos vivi intenso encantamento com esta janela e com o que dela se via, que era essencialmente espaço. Fotografei-a todos os dias, a cores e a preto-e-branco, a todas as horas, com sol, a chover, com a cidade mergulhada em nevoeiro, com a luz doentia das tempestades, com e sem nuvens, com as escadas de incêndio e sem as escadas de incêndio, sem rio ao fundo e com rio ao fundo, com roupa estendida e vento e os fantasmas inevitáveis. Fotografei-a em qualquer estado de espírito, por mais improvável que fosse, num esquecimento absoluto de tudo.
Não sei digitalizar, isto foi cortesia da Cristina :)