domingo, janeiro 25, 2004 Filmstaden é um local de trabalho, Farö é uma forma de vida
(...) Não sei porquê [Farö] foi amor à primeira vista. Senti que era a minha paisagem. Fui viver para Färo em 1967. Acho que foi a coisa mais inteligente que fiz. (…) Precisava de olhar bem para dentro de mim e de confrontar os meus problemas e os meus fantasmas. Pensava que podia evitar as coisas. Estava a ficar farto de tudo. Era o director do Teatro Dramático Real havia três anos e meio. Era um trabalho e tanto. Se se sobrevive a isso, não se é a mesma pessoa depois. Eu queria tudo isso e tinha uma imagem romântica de ser o Velho de “O Velho e o Mar”. Fico aqui a olhar para o horizonte e a aprender a conhecer-me a mim próprio. Leio bons livros e isolo-me. Por isso, vim viver para Färo. De um momento para o outro passei a olhar com mais atenção para o que me rodeava. E para as pessoas à minha volta. Muito mais do que antes. (…)
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(...) Quando era criança, gostava de andar sozinho, conversar com as pessoas, pensar sobre as coisas, ficar a olhar pela janela, a ver a chuva ou o sol, gostava de ler ou escrever, ou, simplesmente, brincar. Gostava desse tipo de vida. Estava à-vontade comigo próprio dessa maneira (…)
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(…) descobri Farö e a sua paisagem. É pálida e dura. As proporções são extremamente sofisticadas e precisas. Aqui, posso fazer parte de um mundo que é eterno. Sou apenas uma pequena parte dele. Como os animais ou as plantas. Não sei como foi que aconteceu, mas as minhas raízes estão aqui. Agora, acho que voltei a ter uma existência enraizada. (...)
Imagens e texto do documentário "De Filmstaden a Farö – Três cenas com Ingmar
Bergman" que acompanha o dvd / Costa do Castelo Filmes
posted by camponesa pragmática on 20:55