C - (...) Eu lembro que fiz até na hora do almoço, não tinha nada a ver com banda, estava com fome, esperando o almoço. Eu tive a idéia da imagem da banda passando e vi várias coisas acontecendo. Não saiu a letra antes da música, foi a idéia da letra que saiu antes de qualquer coisa. A idéia da banda passando e das coisas que acontecem. Logo eu tive várias imagens: a moça que vai para janela, o cara contando o dinheiro. Aí peguei o violão e saiu.
E - Sabe a data precisamente?
C - Não sei, mas foi em julho desse ano.
E - Você elaborou a estrutura básica da melodia da música antes do almoço ou almoçou e de barriga cheia fez essa obra prima?
C - (risos) Eu não sei. Quando vem a coisa assim já fico entusiasmado. A coisa melhor do mundo é isso. Faz um tempão que não faço nada, ontem tive a impressão que ia fazer um samba, aí fui buscar o violão, quando achei já não tinha mais vontade. Na hora tem aquela idéia fixa, aí não tem fome, não tem nada.
E - Você não almoçou no dia em que compôs A banda?
C - Almocei sim. Devo ter almoçado mais tarde, com o lápis e papel na mão. Eu fiz quase inteira de estalo, o único problema que ficou foi de mandar a banda embora. Aquele final todo foi posterior. Não queria deixar a banda tocando para sempre na rua, porque eu gosto de deixar as coisas mais reais.