A primeira vez que vi a Imaculada Concepção de Zurbaran, eu, que não sou uma pessoa religiosa, nunca mais a esqueci e passei a localizá-la num espaço só meu, interior e único. Espantou-me encontrá-la no Prado. Reconheci-a duas salas antes, os olhos muito mais rápidos que qualquer constatação racional, e voei. Afinal existia, concreta, num suporte material, emoldurada, protegida, vulnerável. E tantas outras pessoas podiam vê-la… e podem vê-la. Fere-me sempre a promiscuidade da arte que amo.
Francisco de Zurbaran | Imaculada Concepção | 1630-35 | 139 x 104 cm | Prado - Madrid