quarta-feira, novembro 19, 2003
Molder na Galeria Pedro Oliveira
Revelada em Paris entre finais de 2001 e princípios de 2002, a série "Em 1ª Mão", de Jorge Molder (Lisboa, 1947), constitui uma poderosa reflexão acerca da dor e da morte. Ao longo das salas da Galeria Pedro Oliveira, onde agora se mostra, o espectador é confrontado com uma sucessão imagens que representam manifestações físicas do irreparável. Os gestos são congelados no seu próprio estertor, como se fossem, cada um, o último sopro de uma vida - talvez não faça sentido falar aqui de movimentos gestuais, mas antes de uma asfixia, de uma convulsão incorpórea, fantasmática.
A exposição é assim formada por imagens de mãos, mais precisamente de uma mão que, ao longo de 40 polaroids a cores (1999/2000), sofre um processo de desfiguração até se tornar, em si, um instante de morte. Por momentos, sente-se que aquele corpo perde ar, fica roxo, pálido, distante de nós. Noutros, a fisicalidade adquire propriedades estranhas, porventura só explicáveis a partir dos processos químicos próprios à fotografia - neste caso, estamos muito perto da cegueira, do fim.
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O artigo é de Óscar Faria, saiu no Mil | Folhas de sábado e, por enquanto, pode ser lido na íntegra aqui.
posted by Anónimo on 22:34