Porque circunscrever o Inverno é essencial como circunscrever os incêndios e todas as coisas que queremos breves: primeiro, é necessário saber quando começa, isto é, quando acaba. Será útil referir que, ao contrário do que dizem as lendas, o Inverno - que não é o frio, mas a ausência do Sol - já começou e acabará depois da noite mais longa do ano. Dito isto, dois poemas fazem o resto.
Winter Trees
All the complicated details
of the attiring and
the disattiring are completed!
A liquid moon
moves gently among
the long branches.
Thus having prepared their buds
against a sure winter
the wise trees
stand sleeping in the cold.
William Carlos Williams
O Inverno é a estação que fica entre o último verso de Winter Trees, de William Carlos Williams, e o primeiro verso de The Trees, de Philip Larkin. Mas como não há folhas novas sem água - razão pela qual a chuva, também ao contrário do que dizem as lendas, não faz o Inverno - e sem Sol, deve considerar-se findo o Inverno a partir do momento em que estão reunidas as condições para que as folhas novas comecem a formar-se.
The Trees
The trees are coming into leaf
Like something almost being said;
The recent buds relax and spread,
Their greenness is a kind of grief.
Is it that they are born again
And we grow old? No, they die too,
Their yearly trick of looking new
Is written down in rings of grain.
Yet still the unresting castles thresh
In fullgrown thickness every May.
Last year is dead, they seem to say,
Begin afresh, afresh, afresh.
Philip Larkin
É por isto que o Alexandre tem tanta razão. Seria mais fácil contar os dias se nos dessem poemas ao pequeno-almoço. Mas, enfim, pouca gente se preocupa com estas coisas assim, verdadeiramente práticas e relevantes, como dar conta do tempo que passa.
posted by camponesa pragmática on 11:31