segunda-feira, outubro 20, 2003 Des journées entières dans les arbres
1. Ontem levaram-me a ver os plátanos mais bonitos da cidade. Desce-se a Avenida da Boavista, vira-se na Antunes Guimarães e depois na segunda à direita, numa rua chamada dr. Vasco Valente. Do lado esquerdo sucedem-se plátanos com cor de fruto, aquele rosa corado das romãs.
Era a hora de almoço, quando ao domingo a cidade parece que pára. Percorremos as ruas em busca de mais plátanos mas nenhuns eram como aqueles. Voltei lá ao fim da tarde e pareceram-me ainda mais belos.
2. O jardim que eu queria para mim era o da Casa das Artes. O jardineiro deixa as árvores crescerem à vontade e elas aproveitam-se e têm ramos que sobem e que descem, em desordem. Ontem choveu e a terra estava macia, húmida e escorregadia e o ar cheirava a água. Os castanheiros deixam cair os ouriços, as tangerinas crescem. Tudo é perfeito neste jardim.
3. “Mãe e filho”. Não sei de onde vem este filme. É de fora do tempo, de certeza. As imagens chegam directamente dos sonhos, diáfanas e do coração, profundas. Cada plano é de uma beleza irreprensível. E não há quase nada. É tudo de uma austeridade e de uma pobreza extremas e tocantes.
Foi a primeira vez que vi o filme. Tenho-o numa cassete video lá em casa mas nunca me atrevi a vê-lo no pequeno écran da televisão. A primeira vez tinha de ser numa sala de cinema. Agora tenho vontade de voltar a ele, plano a plano. Mas antes disso quero ouvi-lo de novo. Ouvir o vento e as vozes, as doces vozes deles.
posted by Anónimo on 13:25