Já folheei a “Rosa do Mundo” em casa de amigos e andava com vontade de lhe deitar a mão. Noutro dia encontrei-a disponível (o que não é fácil) na Biblioteca e trouxe-a.
Dos poetas que mais gosto não encontro os meus poemas preferidos mas, em contrapartida, descobri umas canções muito bonitas. Aqui ficam algumas:
Canção, da América do Norte, Pimas (pág. 141)
Água azul; ei-la.
Entrei nela.
Fiquei todo azul.
Canção do Sono, da América do Norte, Chippewas (página 147)
Enquanto os meus olhos percorrem a pradaria,
sinto o verão na primavera
Ártico, Esquimós (página 157)
O grande fluxo do oceano põe-me em movimento,
faz-me flutuar.
Flutuo como a alga à superfície das águas.
E a abóbada celeste abala-me e o ar violento
abala o meu espírito
e atira-me sobre a poeira.
E eu tremo de alegria
Canção, da Indonésia (página 203)
Aos milhares voam os pombos,
um apenas vem pousar na minha cerca
– Eu quero morrer na ponta de tua unha
quero ser enterrado na palma da tua mão.
Traduções de Herberto Helder
México (página 210)
Eu não sei se estiveste ausente.
Eu deito-me contigo e levanto-me contigo.
Nos meus sonhos tu estás junto a mim.
Se estremecem os brincos das minhas orelhas
eu sei que és tu que te moves no meu coração