segunda-feira, setembro 01, 2003 Setembro começou e traz o Outono
O Verão não pode estar quase no fim. Saí de casa ao fim da tarde e fui a pé até Alfama porque era noite de Santo António e isso foi ontem. Tão certo como eu ter visto a Pantera Cor-de-Rosa cor-de-rosa no velho televisor a preto-e-branco dos meus pais, mesmo se eles juram ainda hoje que isso é impossível: jamais vi um episódio a preto-e-branco e defenderei isto até à morte. Foi também ontem que passei um fim-de-semana a ouvir música num castelo a Sul com o chão coberto de hortelã e figueiras pequeninas a crescer dentro das muralhas. Ontem ouvi a Orquestra do Algarve, irrepreensível, interpretar Haydn e Haendel, conduzida pelo Maestro Álvaro Cassuto. Ontem passeei o meu cão no Douro e as amoras silvestres ainda não estavam maduras. Ontem li livros, dormi até ao meio-dia, acordei e continuei a ler. Foi ontem. Mesmo se há dias ao fim da tarde, muito antes disso, percebi pelo cheiro a chuva que o Outono já estava no vento. Setembro começou e agarro-me com força à memória do calor. Em vão. Porque o Outono foi a minha primeira estação no mundo. Ontem imaginei as árvores nuas e rejubilei.