quinta-feira, setembro 18, 2003 Só criando. O que me custou e me custa ainda constantemente mais sofrimento, é dar-me conta de que é infinitamente mais importante conhecer o nome das coisas do que saber o que elas são. A sua reputação e o seu nome, o seu aspecto e a sua importância, a sua medida tradicional, o seu peso geralmente aceite - todas as qualificações que estiveram na origem dos frutos do erro e do capricho na sua maior parte, roupagens que se lançaram sobre elas sem tomar a precaução de as adaptar à sua essência e nem sequer à sua cor de pele - tudo isso, à força de ser acreditado, de se transmitir, de se fortificar em cada nova geração, acabou por se identificar com as próprias coisas, acabou por formar o seu corpo; a aparência primitiva acabava sempre por se tornar a essência e fazer o efeito da essência! Bem louco quem acreditasse que basta recordar essa origem e mostrar esse véu nebuloso da ilusão para destruir o mundo que passa por essencial, a que se chama «realidade»! Só criando o podemos aniquilar!... Mas não esqueçamos também isto: é que basta forjar nomes novos, novas apreciações e novas probabilidades para criar também com o tempo «coisas» novas.