Abrir As Mil e Uma Noites e entrar, mais ou menos ao acaso, no início de uma das muitas sequências de histórias. Entrar e assistir, lá dentro, à abolição do tempo, cá fora. Depois há uma moinha eu-devia-fechar-imediatamente-isto-pois-já-estou-a-ler-há-cinco-horas-e-isso-não-é-saudável, uma afliçãozinha devia-pelo-menos-acender-a-luz-pois-anoiteceu, uma preocupação crescente tenho-fome-e-doem-me-cada-vez-mais-os-olhos. Xerazade e Xariar. Há histórias que pairam acima do mundo. Nelas a leitura é imensamente mágica, imensamente maior que a capacidade de ler e de entender o que se lê.
Não devíamos chamar clássicos a livros assim. Há muitos livros clássicos mas poucos gigantes. Há dois ou três gigantes. Quatro ou cinco gigantes. No máximo deve haver dez gigantes. Este é um deles.
posted by camponesa pragmática on 15:08