O Pintainho, li no blog do Rui MCB, acabou. Fui lá. Acabou mesmo. Não sei porquê.
Eu gostava do Pintainho. Deveras. Havia pios linkados para outros blogs, mas não era à toa. Por exemplo, o Pintainho linkava o Abrupto em posts com muitos muitos muitos pios. Fazia sentido. E nos dias em que não linkava nada, o Pintainho escrevia um post simples com um ou dois ou três pios e assim retratava toda a blogosfera onde se pia todos os dias qualquer coisa, no matter what.
Havia pios em minúsculas, pios em maiúsculas, pios em minúsculas e maiúsculas, pios com as letras unidas, pios com as letras separadas por traços, pios com letras separadas por linhas, pios com pontos finais, pios com pontos de exclamação, pios sem pontuação.
Eu pensava no Pintainho como o último sentido do riso, o mais inteligente e o mais triste sentido do riso. Também fora da blogosfera se pia. Toda a humanidade pia. Com mais ou menos ênfase, mais ou menos conteúdo, tudo o que fazemos e dizemos é, literalmente, um pio.
Esta ideia resultava hilariante. E comovente porque, por outro lado, não menos importante, o melhor da humanidade é que pia sempre - apesar de, contra e com a pequenez, a fugacidade, o abandono, o absurdo, as contradições todas do mundo. Piamos e ainda bem. De qualquer forma falta ainda muito tempo para o Sol começar a crescer como uma barata tonta desesperada em busca de energia, engolir Vénus e nós entrarmos em pânico com a consciência de não sermos mais que um pio e de todos os nossos livros irem arder.
Dizia-se muito no Pintainho. Lamento que tenha acabado tão depressa.