Luto, não muito, contra uma doença à qual poderia chamar niilismo opinativo e que penso ter contraído lentamente nos últimos anos, por razões mais ou menos identificáveis porém inumeráveis. O barulho e a indignação com pompa, fujo deles como o diabo da cruz. Estas linhas são uma contradição excepcional relativamente ao que acabo de dizer e bastante risíveis, embora o constate com serena indiferença. Sei que, se todas as pessoas tivessem sempre cedido a isto, certas conquistas, das quais usufruo plenamente, seriam inúteis sonhos. Por vezes, não muito, incomoda-me esta minha leviandade. Concentro-me nas árvores e em todas as coisas que não falam, não se queixam, não se impacientam, não gritam e me deixam olhá-las sem me pedir nada em troca. De facto não acredito que possa seja o que for contra as coisas do mundo que me chocam. Excepto ignorá-las e seguir. Egoísta e consolada.
posted by camponesa pragmática on 16:54