segunda-feira, setembro 22, 2003
Fanny e Alexander (VI e último)
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A 18 de Abril anotei o seguinte:
Não sei muito deste filme e, contudo, ele me seduz mais do que qualquer outro. É um tanto enigmático, requer reflexão, mas o importante é, evidentemente que eu sinta prazer em fazê-lo.
A 23 de Abril escrevo esto: “Hoje redigi as primeiras seis páginas de Fanny e Alexander. Foi, de facto, um prazer. Agora vou passar às sequências do teatro, do apartamento, da avó.”
Quarta feira, 2 de Maio:
Não posso continuar a trabalhar com a velocidade com que até aqui tenho mantido. Tenho todo o Verão à disposição, mais de quatro meses. Não devo no entanto afastar-me demasiado da mesa de trabalho. Devo passear, deixar que as cenas surjam naturalmente. Assim serão sempre agradáveis.
Terça-feira, 5 de Junho, escrevi isto:
É perigoso trazer à luz poderes ocultos. Na casa de Isak está o idiota com fisionomia de anjo. Um corpo esguio, inseguro, com olhos claros que veêm tudo. Este ser pode cometer más acções. É como uma membrana que vibra ao menor desejo.
As experiências que Alexander tem do oculto. A conversa com o seu pai falecido. Deus revela-se a ele. O encontro com o perigoso Ismael que envia a mulher em chamas para aniquilar o bispo.
A 8 de Julho tenho o roteiro completo. Demorou uns três meses a ser escrito, seguidos de um longo e divertido período de preparativos.