quinta-feira, setembro 18, 2003
Fanny e Alexander (III)
Pronto, lá fui ao 222. Por mim passava um fim-de-semana inteiro numa ilha na condição de haver uma sala de cinema sempre a passar filmes de Bergman. Não consigo sequer pestanejar durante os filmes dele. São carregados de dramatismo e extremamente despojados de dramatismo. Estranhíssimos e muitíssimo naturais. E a composição de cada fotograma é uma coisa absolutamente soberba e sem explicação. E que intensidade!
Imagens perto de janelas em casa do bispo lembraram-me insistentemente estes quadros de Vermeer:
A mesma densidade da luz dourada, a mesma textura. Estrondoso.
E a dicotomia pequeno mundo/ grande mundo que no início remete para o mundo dentro e fora do teatro e que no fim remete para este mundo e o outro onde não estamos. Sem esquecer que a meio há um diálogo entre Óscar e Helena em que as fronteiras entre o mundo fora e dentro do teatro, este mundo e o outro onde não estamos, se compreendem afinal inexistentes.
E mais haveria a dizer se eu soubesse, mas não sei. E mais haveria a dormir esta noite se eu não estivesse aqui (na realidade não estou, isto é só um asterisco).
posted by camponesa pragmática on 02:43