quinta-feira, setembro 18, 2003
Encontrei uma memória do cheiro e com esforço resisti à tentação de roubá-la inteira. Trouxe só um bocadinho:
«As árvores ficavam mais verdes - disso tenho a certeza, a límpida memória - provavelmente porque as gotas da chuva lhes limpavam o pó.
No dia seguinte regressava-se à praia, mas a praia já não era a mesma. Havia humidade e a linha que separava a maré alta da areia seca tinha-se perdido. O Verão ia acabar.
Havia um tempo em que o tempo era assim, feito apenas de sinais. Agora, é a folha do filofax que me diz quando acaba o meu verão. E as folhas do filofax têm todas o mesmo cheiro.»