A exposição Pacheco, a memória de um tempo e de um país que está no Centro Português de Fotografia (Cadeia da Relação, à Cordoaria) é uma autêntica viagem no tempo.
As fotografias feitas no estúdio mostram-nos desportistas em poses estudadas sobre fundos bucólicos; famílias como já não há, compostas por doze irmãos que se alinham em escada, rapazes vestidos à marinheiro e meninas de vestidinhos rendados e laçarotes; damas cheinhas em poses sensuais; artistas e escritores pensativos. Pessoas que se deslocaram à Casa Pacheco para "tirar o retrato", para registar a sua imagem.
Há também fotografias de reportagem: das ruas da cidade, do porto (de Vigo) fervilhante e das fábricas. Ficamos a saber que as mulheres trabalhavam nos têxteis, nas conservas ou faziam roupas para os militares enquanto os homens trabalhavam nas fundições ou na pesca.
Numa fotografia vê-se a rotativa do Faro de Vigo e noutra a redacção onde não há mulheres nem aparelhos eléctricos, apenas papel, canetas e senhores pesados, sentados à secretária.
Na rua vêem-se algumas carruagens e raríssimos automóveis.
Há manifestações de apoio ao nacional-socialismo de Hitler e numa outra fotografia vemos os opositores, de punho erguido, os "camaradas padeiros". Um século que sonhou pesadelos.
É uma lição de história com a vantagem de não ter intenções camufladas, apenas a vontade de registar, fotografar o quotodiano.